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Bruna Allemann
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Jornalista especializada em economia e finanças, Bruna Allemann descomplica o mercado financeiro e orienta sobre as melhores práticas de economia pessoal, investimentos e planejamento financeiro.

Contas globais ganham força no Brasil e se tornam opção de investimento em dólar

O espaço de finanças pessoais desta coluna é dedicado a entender melhor como o brasileiro pode equilibrar seus investimentos e proteger seu patrimônio frente às oscilações da economia. A atenção agora se volta para as chamadas contas globais, que têm conquistado cada vez mais espaço no país.

Segundo especialistas, o investidor brasileiro passa por um processo de evolução constante. Hoje, ainda se fala muito sobre educação financeira, mas o público está cada vez mais informado sobre suas necessidades e sobre como diversificar seus investimentos. Conceitos como renda passiva, aposentadoria e diversificação já são discutidos com frequência, e o impacto do dólar no cotidiano também é cada vez mais compreendido.

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O reajuste de aluguel, por exemplo, é calculado pelo IGPM, que considera commodities cotadas em dólar. Até mesmo itens do dia a dia, como o pão, são afetados pela moeda americana. Dessa forma, é natural que o investidor busque o equilíbrio, considerando o dólar como parte de sua estratégia de investimento. O real sofre com inflação e perda de poder de compra, enquanto o dólar surge como uma alternativa para diversificação financeira e proteção do patrimônio.

As contas globais, em sua maioria oferecidas por bancos digitais, permitem a dolarização do investimento. Isso significa que o dinheiro do investidor não fica apenas restrito ao mercado brasileiro: ele pode ser alocado em ativos nos Estados Unidos, Europa ou mesmo em criptomoedas, garantindo diversificação geográfica. Diferente de investir em dólar no Brasil, que mantém exposição ao risco local, essas contas internacionais permitem movimentações e investimentos diretamente fora do país, com cartões de débito vinculados e opções de aplicações financeiras em moeda estrangeira.

É importante destacar que essas contas não devem ser confundidas com cartões de viagem, que permitem apenas a compra de moedas estrangeiras para gastos. No caso das contas globais, o objetivo é investir, gerar renda passiva e até mesmo preparar uma aposentadoria em dólar. Dessa forma, os brasileiros podem ter retorno financeiro diretamente vinculado à valorização ou à estabilidade da moeda americana em relação ao real.

Especialistas projetam que, nos próximos dez anos, o dólar pode variar em torno de 7,75 reais. Investir em dólar hoje, com a cotação em torno de cinco reais, representa a oportunidade de ganho em relação à desvalorização gradual da moeda nacional.

Um dos principais pontos de interesse para quem deseja abrir uma conta global é a acessibilidade. Não há um perfil específico de investidor exigido. Algumas corretoras permitem aportes a partir de 200 reais, tornando possível iniciar investimentos mesmo com quantias relativamente pequenas. Além disso, o mercado fracionado permite comprar ações de grandes empresas, como a NVIDIA, com valores menores que o preço integral de cada papel. Por exemplo, é possível começar com apenas cinco dólares, acumulando frações até completar uma ação inteira.

Apesar de a diversificação em dólar ser recomendada, é fundamental que a vida financeira continue organizada em real. Para iniciantes, a prioridade deve ser a constituição de uma reserva de emergência, equivalente a pelo menos três meses de despesas fixas, aplicada em produtos de baixo risco, como CDBs com rendimento próximo de 100% do CDI. Apenas após garantir essa base é aconselhável diversificar em investimentos internacionalizados, mantendo, no máximo, 30% do total investido em ativos dolarizados.

Assim, o investimento em contas globais se apresenta como uma estratégia de proteção e diversificação, permitindo ao investidor brasileiro acompanhar o valor do dólar, ampliar suas oportunidades de renda e reduzir riscos concentrados no mercado doméstico. Com informações claras e acesso a plataformas digitais, esses produtos se tornam uma opção viável e acessível, independentemente do tamanho da carteira ou do tempo de experiência do investidor.

O cenário atual mostra que a educação financeira evolui junto com os instrumentos disponíveis. Hoje, não se trata apenas de diversificar, mas de incluir o dólar como elemento essencial na composição de um portfólio equilibrado, pensando no presente e no futuro.