Afirmar quem foi a primeira escritora brasileira não é tão fácil, mas um nome reúne um raro consenso entre pesquisadores, jornalistas e historiadores. Trata-se de Maria Firmina dos Reis, uma mulher negra, feminista e abolicionista.
Nascida em 1822, na Ilha de São Luís, no Maranhão, Maria Firmina foi autoditada e, em 1847, chegou a ser aprovada em um concurso para professora de primeiras letras no interior do estado. A educação sempre foi muito presente em sua vida e, na década de 1880, fundou a primeira escola mista do Estado, que se tornou um marco na história educacional do país.
O jornalista e poeta brasileiro Nascimento Morais Filho descreveu a escola fundada por Maria Firmina como “uma revolução social pela educação e uma revolução educacional pelo ensino”, destacando “o seu pioneirismo subversivo de 1880”.
Siga a TMC no WhatsApp e fique por dentro das últimas notícias do Brasil e no mundo

Em 1859 que Maria Firmina publicou “Úrsula”, seu primeiro livro. Nele, um jovem cavaleiro sofre um acidente e é resgatado por um homem negro escravizado, que o conduz até a propriedade mais próxima. Ali, encontram Úrsula, a moradora da casa. Os personagens secundários, Túlio e Susana, também negros escravizados, aparecem na narrativa como figuras que contestam e expõem as injustiças do regime escravocrata em que estão submetidos.
Em 1861, a autora publicou o romance indianista “Gupeva”. A obra apresenta uma perspectiva crítica sobre a colonização e o mito da formação da nação brasileira. Além de romances, também escreveu poemas, crônicas e contribuiu com a imprensa local.
Com pouco reconhecimento em vida, Maria Firmina faleceu em 1917, com 92 anos. Somente décadas depois houve o resgate das obras da autora e o devido reconhecimento ao seu legado. Em 2022, na Praça do Pantheon, no Centro Histórico, em São Luís, foram reinaugurados 18 bustos de personalidades da literatura maranhense, como o da autora.
Em 2024, a editora Antofágica, que tem como objetivo trazer grandes obras clássicas da literatura, publicou o primeiro romance de Maria Firmina. O posfácio contou com com textos da renomada escritora Conceição Evaristo e pelas professoras Fernanda Miranda e Régia Agostinho.

