O governo federal decidiu empurrar para frente a obrigatoriedade do cadastro biométrico para acessar a maioria dos benefícios sociais, uma medida criada para combater fraudes. Embora o decreto que regulamenta a biometria passe a valer nesta sexta-feira (21/11), a exigência só será cobrada, por enquanto, em novos pedidos de aposentadoria.
Para o resto da fila de benefícios, o prazo foi jogado para maio de 2026. Isso inclui:
- novos benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença);
- pensão por morte;
- seguro-desemprego;
- abono salarial;
- Bolsa Família;
- salário-maternidade.
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Grupos como pessoas acima de 80 anos ou com dificuldade de locomoção ficarão isentos da biometria.
Segundo o governo, a mudança é complexa e ainda está em fase de adaptação. “Nosso objetivo é combater fraudes, mas tirando de quem não tem direito de receber”, disse a ministra da Gestão, Esther Dweck. O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, reforçou que o novo calendário é para evitar que beneficiários fiquem sem acesso enquanto tudo é ajustado. O impacto do adiamento nas contas públicas não foi divulgado.
Hoje, 11 milhões dos 68 milhões de brasileiros que recebem algum benefício social ainda não têm biometria cadastrada. Quem já tem o registro — via Justiça Eleitoral, carteira de motorista ou pela nova Carteira de Identidade Nacional — não precisa refazer nada.
Enquanto isso, a fila do INSS vive seu pior momento da história
Paralelo ao adiamento da biometria, o INSS enfrenta a maior fila já registrada: 2,862 milhões de pedidos encalhados, incluindo aposentadorias, pensões e benefícios por incapacidade. É uma fila invisível — mas que, se fosse física, daria voltas no país.
De janeiro até agora, os novos pedidos cresceram 23%, e a média mensal já está em 1,3 milhão. Metade é de benefício por incapacidade temporária. A fila do BPC (Benefício de Prestação Continuada) tem 897 mil pessoas, com espera média de 193 dias — travada desde junho, por conta de novas regras de cálculo definidas pela Justiça.
O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, reconhece a crise e diz que dois terços da fila dependem de outras áreas, como perícia médica e atualização dos sistemas por causa justamente da biometria. O maior gargalo está no Nordeste, e servidores de outras regiões serão convocados para ajudar.
