A principal notícia que circula em diferentes veículos é a de que os CDBs do Banco Master, que motivaram toda a atual situação, representam quase metade da liquidez do Fundo Garantidor de Créditos, o FGC. Todo o dinheiro que está lá — e que os bancos depositam mensalmente para garantir segurança ao sistema financeiro caso haja intervenção, problema operacional ou uma crise como a que envolve o Banco Master — serve justamente para devolver aos clientes os valores cobertos, até o limite de 250 mil reais por CPF, por instituição financeira.
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Há dois pontos importantes. Segundo um relatório do próprio FGC, a liquidez estava em torno de 121 bilhões de reais no primeiro semestre de 2025. Não existe um percentual oficial que comprove que o Master representa quase metade desse total. O que se menciona é algo em torno de 40%. Ainda assim, a retirada necessária para cobrir os clientes do banco deixará o caixa do FGC em uma situação considerada relativamente crítica.
Isso significa que, se outro banco de grande porte apresentar problemas que representem valores muito mais altos, aí sim poderia haver um risco real para o fundo. Mesmo assim, a tendência é que os próprios bancos arquem com a recomposição, já que o FGC é uma das estruturas essenciais de segurança do sistema financeiro. Se essa estrutura falhar, reduz a confiança dos investidores e compromete a capacidade de captação de instituições em geral.
É necessário usar as informações com cautela. O FGC foi criado justamente para lidar com situações como a atual. De certo modo, deve-se observar que, ainda bem, o fundo tem caixa para pagar essa demanda específica. A questão que se coloca agora envolve a regulamentação e o papel do Banco Central em exigir que instituições continuem realizando seus depósitos mensais para garantir a segurança do sistema.
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O Banco Central também terá que avaliar quais instituições representam risco de comprometer a confiabilidade do FGC. Esses são os próximos passos relevantes. No momento, no entanto, clientes podem ficar tranquilos: o FGC tem dinheiro para pagar todos os afetados.
Outro ponto discutido é que, apesar de não haver o número exato da linha de liquidez específica usada para esse pagamento, o FGC dispõe de outros tipos de caixa com prazos de vencimento diferentes. Portanto, não se trata de retirar metade de todo o montante do fundo. Além disso, cerca de 60% da liquidez ainda permanece disponível.
A preocupação só se justificaria caso o nível de liquidez caísse abaixo de 30% ou 25%, ou se o sistema financeiro inteiro entrasse em um cenário de colapso — algo considerado muito mais difícil. O país conta com grandes instituições financeiras, tanto estatais quanto privadas, cuja segurança operacional, em muitos casos, é até maior do que a dos produtos oferecidos.
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O FGC continua funcionando como previsto. A retirada referente ao Banco Master pressiona o caixa, mas não o leva para uma área de risco imediato. É possível, portanto, manter paz e tranquilidade: não há sinal de que o fundo esteja perto da zona cinzenta que comprometeria sua capacidade de garantir depósitos.
