A Universidade de Oxford anunciou a palavra do ano de 2025: rage bait, expressão que define táticas de manipulação usadas para provocar irritação nas redes sociais. O termo sucede brain rot, escolhido no ano anterior, associado ao “apodrecimento do cérebro” causado pelo consumo excessivo de conteúdos pouco desafiadores, geralmente difundidos pelas plataformas digitais.
A discussão sobre o novo termo foi introduzida com uma pergunta aos ouvintes e aos apresentadores Rodrigo e Joana: ao percorrer o feed das redes sociais, quantas vezes alguém já se irritou com conteúdos provocativos ou que despertam raiva? Comentários políticos, postagens sociais inflamadas ou simples publicações ofensivas tendem a gerar esse tipo de resposta emocional. A reação relatada por Rodrigo, ao ver conteúdos que considera indesejados na própria timeline, foi usada como exemplo da experiência comum de usuários que se sentem manipulados por materiais que tentam induzir emoções intensas.
O termo rage bait combina duas palavras em inglês: rage (raiva) e bait (isca). A lógica é semelhante à de expressões já consolidadas, como clickbait, associada a manchetes que buscam cliques. No caso do rage bait, o objetivo é fisgar o usuário por meio da irritação. Pode ser um post, um meme, um discurso político inflamado ou qualquer conteúdo provocativo que gere engajamento para a conta que o publica. Segundo os especialistas responsáveis pelo dicionário de Oxford, o uso da expressão triplicou nos últimos 12 meses, refletindo o modo como a internet opera atualmente: antes, apelando à curiosidade; agora, estimulando a raiva.
O processo de escolha da palavra do ano envolve uma votação popular, mas a decisão final cabe ao departamento da Universidade de Oxford responsável pela produção do dicionário. Os responsáveis afirmaram que a ascensão do uso de rage bait diz muito sobre o comportamento digital contemporâneo e sobre a dinâmica de extremos que se consolidou nas redes.
Durante a conversa, Marina mencionou que já evitou engajar com conteúdos desse tipo e lembrou o impacto de brain rot, termo referente ao excesso de informações superficiais que circulam diariamente. Para ela, ambos os fenômenos têm sido recorrentes. A apresentadora explicou também que a seleção anual não se restringe a palavras totalmente novas: podem ser expressões recentes ou simplesmente termos em alta. Exemplificou lembrando que selfie já foi escolhida em um ano anterior.
A edição de 2025 teve outros dois finalistas. O primeiro foi Aura Farming, expressão usada para descrever o esforço de cultivar uma imagem pública capaz de transmitir confiança. O segundo foi Biohack, associado a práticas voltadas a melhorar a performance física e mental por meio de suplementos, equipamentos ou dispositivos tecnológicos. Ambos figuraram entre os termos mais comentados do período, mas perderam para rage bait na decisão final.
A escolha aponta para o comportamento predominante dos usuários e para as estratégias que moldam a circulação de conteúdo nas redes. Segundo Marina, rage bait acabou refletindo mais diretamente a realidade dos últimos meses, marcada pelo aumento de publicações criadas deliberadamente para provocar reações emocionais intensas, especialmente a raiva.
