Quando li que a brasileira Luana Lopes Lara, de 29 anos, se tornou a bilionária mais jovem a construir a própria fortuna, segundo a Forbes, veio à mente uma reflexão que já compartilhei algumas vezes nas minhas redes sociais. Sempre observo que, nos Estados Unidos, existe um pouco mais de oportunidade para sair da caixinha e criar novas ideias. Isso acontece porque o país tem um mercado consumidor forte, sustentado por índices econômicos e renda geralmente mais altos. Não é apenas consumo de produtos; é também consumo de serviços.
O número de pessoas que investem na Bolsa de Valores, por exemplo, é muito maior tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Fala-se de mais de 60% da população envolvida com finanças e empreendedorismo, algo que incentiva e ajuda quem quer desenvolver novos projetos. Quando olho para a trajetória da Luana, vejo que esses fatores também contribuíram de alguma forma, mas ela mesma quebrou várias barreiras ao longo do caminho.
A primeira delas foi ligada à própria educação. Apesar de ser brasileira, ela teve um processo disciplinado desde cedo. Foi bailarina, estudava e treinava muitas horas por dia. Essa disciplina a acompanhou enquanto crescia e foi determinante quando decidiu empreender.
Nos Estados Unidos, ela se envolveu com o Polymarket, um site que funciona como um espaço de especulação sobre causas, efeitos e situações futuras. Já falei sobre ele algumas vezes: é possível, por exemplo, especular quantas vezes o Elon Musk vai tuitar em um mesmo dia. O usuário compra participações e observa as oscilações conforme as probabilidades mudam.
O Polymarket funcionava com pagamentos em criptomoedas, o que deixava o negócio em uma área considerada nebulosa. O ponto central é que ele se enquadra no chamado prediction market, voltado a prever reações do mercado e resultados de eventos, principalmente econômicos e políticos. Foi nesse cenário que a Luana identificou algo importante: havia uma lacuna e uma oportunidade.
Ao mesmo tempo, ela enfrentou a resistência do governo americano e da SEC, órgão regulador do mercado financeiro. A justificativa era que esse tipo de especulação sobre probabilidades poderia interferir no resultado real de eventos, especialmente em temas sensíveis como eleições. Mesmo assim, ela decidiu ir à Justiça para buscar uma forma de regulamentar o modelo. E conseguiu.
O Polymarket passou a atuar como um mercado de especulação regulamentado, baseado na apresentação de percentuais de chance e probabilidades. Houve um processo jurídico extenso, enfrentando inclusive o Tesouro americano e outros órgãos reguladores. No fim, ela conseguiu se unir a essas instituições e consolidar o negócio.
A trajetória dela traz alguns elementos que ficam na minha cabeça, especialmente quando penso na disciplina que a acompanhou desde a época em que dançava. Agora, diante desse exemplo, me pergunto o que cada um de nós pode fazer de diferente, o que pode ser inovador e como podemos sair da nossa própria caixinha. Não apenas dentro do mercado em que estamos inseridos, mas também quando pensamos na sociedade e nas possibilidades de prosperidade que podem surgir.
