O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, segue em uma sequência de encontros pela Europa em busca de apoio político e diplomático para avançar em uma versão possível de um plano de paz. A movimentação ocorre em meio às discussões entre Kiev e Washington sobre a formulação de um novo documento, depois que a última rodada de negociações não chegou a um consenso. A principal divergência permanece no trecho que aborda eventuais concessões territoriais à Rússia, ponto considerado um dos mais sensíveis pelas autoridades ucranianas.
No início da semana, Zelensky esteve em Londres, onde participou de uma reunião com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e com os líderes da França e da Alemanha, Emmanuel Macron e Olaf Scholz. O encontro resultou em reações distintas entre os dirigentes europeus. O presidente francês classificou a posição europeia como detentora de “muitas cartas nas mãos”, destacando a capacidade dos países do continente de influenciar os rumos das negociações. Já o chanceler alemão demonstrou ceticismo em relação aos documentos enviados pelos Estados Unidos, indicando preocupação com alguns dos detalhes apresentados até o momento.
Após a agenda em Londres, Zelensky seguiu para Bruxelas. Lá, manteve reuniões com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. As conversas se concentraram na situação atual das negociações e na busca por alinhamento entre os aliados europeus. Segundo interlocutores, a intenção é evitar que divergências internas fragilizem o bloco em um momento de ampla mobilização diplomática.
A agenda de Zelensky prossegue com um encontro marcado com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. A presença do presidente ucraniano na Europa tem como objetivo reforçar o entendimento de que Kiev não pretende aceitar concessões territoriais. De acordo com informações mais recentes, a Ucrânia prepara um novo documento a ser apresentado à Casa Branca, reafirmando a posição de que não fará cessões de áreas atualmente reivindicadas pela Rússia.
Na semana anterior, autoridades norte-americanas e ucranianas discutiram uma versão preliminar do plano de paz, mas não chegaram a um resultado final. Os desentendimentos sobre o tratamento dado ao território ucraniano mantiveram o processo parado. Enquanto isso, Zelensky tenta consolidar uma base de apoio europeia que sustente seu argumento de que não possui “direito” de ceder terras, considerando o que é estabelecido tanto pela legislação ucraniana quanto por princípios do direito internacional.
Esse cenário marca mais um capítulo das negociações que se arrastam desde o início do conflito, com os Estados Unidos pressionando por avanços e a Ucrânia buscando assegurar que qualquer acordo reflita seus interesses estratégicos e de soberania. As próximas semanas devem definir o rumo do novo documento, que será encaminhado à Casa Branca, e indicar se haverá disposição para ajustes por parte de Washington ou Kiev. Enquanto isso, o esforço diplomático de Zelensky segue em ritmo acelerado, com a Europa desempenhando papel central no desenvolvimento de uma proposta que possa ser considerada pelas principais partes envolvidas.