A movimentação recente de diversas empresas chamou atenção por conta do anúncio de dividendos extraordinários. O ponto inicial para entender esse movimento está no próprio conceito dessa distribuição. Normalmente, uma companhia paga aos acionistas um percentual relacionado ao valor da ação, prática que costuma variar entre 2% e 10%. A diferença, no caso atual, está no fato de que as empresas estão pagando valores muito acima do padrão ao qual estão acostumadas.
Esse tipo de distribuição indica que houve um lucro considerado suficiente para permitir a liberação de um montante maior aos acionistas. Assim, em vez de distribuir apenas o que seria habitual, as companhias estão realizando pagamentos que chegam a percentuais como 25% ou 30% do valor da ação, algo que não é comum e aparece apenas em situações específicas.
O que motiva essa estratégia está ligado às regras de tributação de lucros e dividendos que entrarão em vigor em 2026. Empresas com caixa acumulado ao longo do ano e valores disponíveis para distribuir estão antecipando pagamentos porque, até o fim de 2025, o dividendo ainda não é tributado. A lógica é de liquidação do que estava reservado, aproveitando o último período sem incidência de imposto.
Há ações que normalmente pagariam 5 ou 10 reais ao ano, mas que agora podem distribuir 26 ou 30 reais. Em outros cenários, distribuições extraordinárias são mais comuns em fundos imobiliários, especialmente quando há venda de muitas propriedades e acúmulo de caixa sem perspectiva imediata de novos investimentos. No entanto, nesta situação atual, o foco maior está nas mudanças tributárias voltadas ao investimento que começam em 2026.
Para quem investe, o ponto central passa a ser avaliar se vale a pena manter a mesma estratégia. Isso envolve observar a orientação recebida e ponderar se ainda é vantajoso concentrar a carteira em ações que pagam dividendos ou buscar um equilíbrio entre empresas de crescimento e empresas pagadoras de dividendos. Até aqui, empresas de crescimento já estavam sujeitas ao imposto sobre ganho de capital, com certas isenções. Com a tributação também sobre dividendos, a comparação entre tipos de investimento muda.
Alguns investimentos deixarão de ser tão vantajosos quanto eram. A necessidade de análise ganha urgência com a proximidade da virada do ano. Estratégias de mudança de carteira exigem cuidado. A escolha de uma empresa não ocorre de um dia para o outro, e isso remete à educação financeira, ainda limitada para grande parte da população. A avaliação de ações demanda profundidade maior, embora seja possível investir com conhecimentos básicos nas alternativas mais tradicionais, que costumavam ser a porta de entrada justamente por serem empresas pagadoras de dividendos.
Se houver necessidade de alterar qualquer estratégia, o recomendado é realizar a análise ainda em dezembro. Não se trata de postergar por muito tempo, mas de utilizar o mês para entender como os investimentos ficarão a partir das novas regras. Não apenas ações e dividendos serão tributados, mas também alguns produtos de renda fixa. É o momento de observar todo o portfólio, calcular o impacto do imposto sobre a rentabilidade e comparar com o desempenho esperado.
O primeiro passo é a matemática, seguida da avaliação da segurança, especialmente em um cenário de juros altos que tende a direcionar investidores a produtos de menor risco, como a renda fixa, que apresenta rentabilidade maior nessas condições. Com isso, pode haver situações em que a venda de determinadas ações no início do próximo ano seja adequada. Nos três primeiros meses de 2026, será possível analisar novas ações e tomar decisões graduais ao longo do primeiro trimestre relacionadas à renda variável.
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