Ao Vivo TMC
Ao Vivo TMC
InícioInfraestruturaConcessão do canal de Santos pode avançar em 2026,...

Concessão do canal de Santos pode avançar em 2026, mas impasse preocupa setor

Concessão do canal do Porto de Santos, como forma de atração de investimentos, é uma demanda urgente da cadeia de agentes que usa a estrutura do terminal

A concessão do canal que dá acesso ao Porto de Santos pode avançar em 2026, medida tão aguardada pelo setor, num contexto em que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) deu início à reunião que trata da abertura da consulta pública sobre o tema. A votação começou nesta segunda-feira (15/12) e segue até a próxima quarta-feira (17/12).

Os estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chegaram à Antaq em agosto, mas precisaram passar por reavaliações e ajustes. A própria cúpula da Autoridade Portuária de Santos (APS) indica resistência ao modelo, antes mesmo da fase participativa.

Acesse o canal da TMC no WhatApp para ficar sempre informado das últimas notícias

Para o presidente da APS, Anderson Pomini, os serviços devem ser concedidos em formato de Parceria Público-Privada (PPP), no lugar do desenho do atual de uma concessão plena dos serviços relacionados ao acesso aquaviário ao Porto de Santos.

Enquanto o Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor) dizia querer levar o canal de acesso de Santos ao mercado ainda este ano, a avaliação de pessoas interessadas no projeto é de que o avanço demora mais que o esperado. Para o setor, a falta de condições da entrada do maior porto da América Latina tornou-se um gargalo acentuado nos últimos anos e alvo de reclamação frequente das empresas de navegação.

Análises rigorosas, alega Antaq

Dentro da Antaq, a ponderação feita sobre a velocidade do processo é de que as análises demandam tempo e resultaram em necessidades de ajustes na modelagem, o que também demandou interações com o Mpor e o BNDES.  Na agência, o caso será relatado pela diretora Flávia Takafashi, cujo mandato acaba em fevereiro.

“A Antaq informa que todas as etapas seguem, rigorosamente, os padrões técnicos e regulatórios aplicáveis, assegurando segurança jurídica, eficiência e melhores resultados para o setor portuário e para a sociedade”, diz a agência. 

APS quer concessão, mas sem abrir mão de tarifa

Embora ainda não tenha sido publicamente detalhada, a modelagem para Santos prevê investimentos na casa de R$ 6 bilhões. O impasse, porém, está em como essa quantia será desembolsada.

Ao contrário do que tem dito o Mpor sobre a comcessão seguir o exemplo do Porto de Paranaguá, no Paraná, em que o futuro concessionário contará com a remuneração da Tabela I, paga pelos usuários para acessar a infraestrutura do porto, o presidente da APS se coloca contra esse modelo.

Em nota, Pomini disse ser favorável à concessão do canal, mas com adequações ao que foi proposto pelo BNDES. A posição foi comunicada ao MPor, em um “Relatório Final Consolidado da Autoridade Portuária”. No documento, a APS diz que há “incertezas e riscos” no desenho e que, por isso, uma concessão administrativa seria a alternativa “mais equilibrada”.

APS quer autonomia

No formato defendido pela APS, a arrecadação da Tabela I seria mantido, “assegurando o controle da política tarifária”, enquanto o concessionário seria remunerado por um repasse financeiro atrelado a indicadores de desempenho.

Leia mais: Equinor inaugura complexo que une energia solar e eólica na Bahia

“Essa configuração preserva a autonomia da APS, garante maior previsibilidade na gestão de receitas e investimentos e reforça a governança pública, ao mesmo tempo em que promove a eficiência operacional da parceria privada”, diz o relatório.

Governo reticente à proposta da APS

A proposta defendida por Pomini não tem recepção fácil dentro do governo. Na Casa Civil, por exemplo, técnicos argumentam não haver sentido em se fazer uma PPP administrativa, se o ativo comporta uma concessão plena. A avaliação é de que o projeto funciona sem demandar uma intermediação da estatal nos pagamentos ao setor privado. 

Já para o presidente da APS, o modelo empregado em Paranaguá não se adequa a Santos. Pomini argumenta que o modelo de Paranaguá, com 24 berços, não pode ser comparado ao de Santos, com mais de 64.

“Por isso, defendemos a concessão, mas com adequações que não limitem o crescimento e inviabilizem a manutenção da gestão pública estratégica do Porto de Santos”, continuou Pomini na nota.

Necessidade de investimentos urgentes

A concessão do canal, prometida desde o governo Bolsonaro, é uma demanda urgente, segundo a cadeia de agentes que usa o Porto de Santos. Hoje, a preocupação do setor se relaciona à possibilidade de mais atrasos para a conclusão do processo, visto que a elaboração de um projeto de PPP administrativa exigiria uma reformulação profunda dos estudos.

Leia mais: BYD traz marca Denza ao Brasil com veículos de R$ 436 mil a R$ 800 mil

Com a concessão, o calado máximo atual do Porto de Santos pode passar dos atuais 14,5 metros para 17 metros, o que permitiria a entrada de grandes navios de contêiner, como os de 366 metros. Por ora, o que está previsto é uma contratação pela APS para aprofundar o canal de 15 metros para 16 metros, que ainda levará tempo.

MAIS LIDAS

Notícias que importam para você

Placas de energia solar voltadas para o sol sobre um gramado

Equinor inaugura complexo que une energia solar e eólica na Bahia

Parque Serra da Babilônia agora tem volume suficiente de energia para abastecer cerca de 143 mil casas
Imagem aproximada de um trilho de trem

ANTT quer aprovar dois projetos de ferrovia e antiga ViaBahia antes do fim do ano

Projetos que conectarão Rio-ES e Pará-Mato Grosso seguirão para análise do TCU ainda este ano, com leilões previstos para 2026
Imagem da obra da Transnordestina, com o trilho no centro e áreas desabitadas ao redor

Ferrovia Transnordestina contrata últimos trechos para conexão com Porto de Pecém (CE)

Obras nos 97 km restantes da ferrovia começam após assinatura de ordem de serviço em Fortaleza
Empresários e o ministro dos Transportes batem o martelo no leilão realizado na B3

Motiva vence leilão da rodovia Fernão Dias com desconto de 17,05% no pedágio

Empresa ofereceu maior redução na tarifa e assumirá rodovia que liga São Paulo a Belo Horizonte após pagar R$ 295 milhões à atual concessionária Arteris