O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que uma intervenção armada na Venezuela representaria uma “catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”.
A declaração foi feita neste sábado (20/12), durante discurso na Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu. O presidente brasileiro expressou preocupação com a presença militar dos Estados Unidos próxima à região sul-americana.
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Lula alertou que o continente sul-americano está sendo “assombrado” pela presença militar de uma potência externa.
“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, disse o presidente.
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela aumentou nos últimos meses. O governo norte-americano iniciou operações militares no Caribe em agosto, justificando a ação como estratégia contra o tráfico de drogas internacional.
Donald Trump acusou Nicolás Maduro de usar recursos do petróleo para financiar o que chamou de “regime ilegítimo” e apoiar “terrorismo ligado a drogas, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros”. Maduro, por sua vez, acusa o americano de tentar derrubar seu governo.
O presidente brasileiro manifestou intenção de conversar novamente com Trump antes do Natal para buscar uma solução diplomática. “Não queremos guerra no nosso continente. Todo dia tem uma ameaça no jornal e nós estamos preocupados. Agora, vai chegar o Natal e talvez eu tenha que conversar com Trump outra vez pra saber o que é possível o Brasil contribuir para um acordo diplomático e não para a guerra”, afirmou.
Lula revelou que já conversou com ambos os presidentes sobre a situação. “Eu tive a oportunidade de conversar com Maduro por quase 40 minutos, e depois com Trump. Falei para o Trump da preocupação do Brasil com a situação da Venezuela, que isso aqui é uma zona de paz, não é zona de guerra. Que as coisas não se resolvem dando tiro”, explicou.
Em reunião ministerial esta semana, o presidente brasileiro compartilhou detalhes de suas conversas com Trump. Lula destacou que o diálogo é uma alternativa mais eficaz que o confronto.
“Eu falei pro Trump: ‘Oh, Trump, fica mais barato conversar e menos sofrível conversar do que [fazer] guerra. Se a gente acreditar no poder do argumento, da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países'”, declarou.
A Cúpula do Mercosul ocorre em momento crítico para as relações diplomáticas no continente. O Brasil mantém posição de defesa da resolução pacífica de conflitos na região, com Lula enfatizando o diálogo como principal instrumento para solucionar a crise entre Estados Unidos e Venezuela.
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