O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a França não terá condições de impedir isoladamente a concretização do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. A afirmação foi feita neste sábado (20/12) em Foz do Iguaçu, após o encerramento da cúpula do Mercosul, quando a assinatura do tratado, inicialmente prevista para hoje, foi adiada.
O pacto comercial prevê a diminuição ou eliminação progressiva de tarifas entre os blocos econômicos, além de estabelecer normas comuns para áreas como comércio de produtos industriais e agrícolas, investimentos e padrões regulatórios. As negociações deste acordo se estendem por 25 anos.
Acesse o canal da TMC no WhatApp para ficar sempre informado das últimas notícias
O adiamento da assinatura ocorreu após a Itália se juntar à França no pedido de prazo adicional para negociações, buscando proteger seus setores agrícolas. A Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, tinha a intenção de finalizar o acordo neste sábado, criando a maior área de livre comércio do mundo.
“Se ela estiver pronta para assinar e faltar só a França, segundo a Úrsula Von Der Leyen e o Antonio Costa, não haverá possibilidade de a França, sozinha, não permitir o acordo”, disse o presidente brasileiro durante entrevista.
O tratado envolve os quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e os 27 integrantes da União Europeia, com a França representando a principal resistência dentro do bloco europeu.
As discussões sobre o texto intensificaram-se esta semana durante o encontro do Conselho Europeu em Bruxelas, encerrado na sexta-feira (19/12), antes da reunião do Mercosul.
Para aprovação no Conselho Europeu, é necessário o apoio de no mínimo 15 dos 27 países-membros, que representem 65% da população da UE.
Lula mantém perspectiva positiva quanto à finalização do acordo. “O acordo será firmado e eu espero que seja assinado no primeiro mês da presidência do Paraguai, pelo companheiro Santiago Pena”, afirmou.
O presidente francês Emmanuel Macron tem sido categórico em sua oposição: “Quero dizer aos nossos agricultores, que expressam a posição francesa desde o início, que consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado”.
Macron também indicou que a França se oporá a qualquer “tentativa de forçar” a adoção do acordo com o bloco sul-americano.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni sinalizou possível apoio com condições: “O governo italiano está pronto para assinar o acordo assim que forem dadas as respostas necessárias aos agricultores, o que depende das decisões da Comissão Europeia e pode ser resolvido rapidamente”.
A Alemanha pressiona pela conclusão do pacto, argumentando que, “se a União Europeia quiser manter credibilidade na política comercial global, decisões precisam ser tomadas agora”.
Espanha e países nórdicos também defendem o tratado, considerando que ele pode compensar os efeitos das tarifas americanas sobre produtos europeus e diminuir a dependência da China.
Leia mais: Lula diz que EUA “assombram” América do Sul e prevê catástrofe em intervenção na Venezuela
