A saúde mental deixou de ser “benefício extra” e virou obrigação legal. Com a nova Norma Regulamentadora nº 1 em vigor desde maio, empresas precisam mapear riscos psicossociais no trabalho, sob pena de multas a partir de 2026 — e apenas 5% dizem estar prontas para isso (20/12).
NR-1 muda o jogo no RH brasileiro
A norma exige que fatores como estresse, ansiedade, depressão, burnout e sobrecarga entrem oficialmente no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Na prática, o que antes era discurso de RH agora vira item fiscalizável, com impacto direto na operação das empresas.
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O problema é que o mercado ainda engatinha. Um estudo com quase 900 profissionais mostrou que 95% das companhias não se sentem preparadas para cumprir as exigências. Mesmo assim, grandes grupos já aceleram programas de cuidado emocional para evitar afastamentos e prejuízos.
Na Accenture, o tema ganhou força antes mesmo da pandemia. A empresa adotou políticas que envolvem saúde física, emocional e financeira, além de protocolos de prevenção e resposta a crises. Segundo a área de RH, não basta oferecer apoio: é preciso acompanhar resultados e agir rápido.
O alerta faz sentido. Dados da ANS mostram que 31% dos brasileiros sofrem de ansiedade recorrente, especialmente entre 18 e 35 anos. Ambientes tóxicos, excesso de trabalho, má qualidade de sono e pressão financeira entram na conta do adoecimento.
Outras empresas seguiram o mesmo caminho. A farmacêutica Libbs mantém um núcleo de cuidado com médicos e psicólogos, somando mais de 65 mil atendimentos desde 2021. Já a VLI oferece suporte psicológico 24 horas, inclusive para dependentes, além de brigadistas treinados para identificar sinais de risco.
Na Claro, programas importados da matriz mexicana ajudaram a reduzir em 10% os afastamentos por saúde em 2025. O foco agora é treinar lideranças para reconhecer quando alguém não está bem, quebrando o tabu que ainda cerca o tema.
Com a NR-1 batendo à porta, saúde mental deixou de ser pauta “bonita” e virou sobrevivência corporativa. Quem não se mexer agora pode pagar caro depois — no bolso e nas pessoas.
