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Flávio Bolsonaro defende governo “enxuto” e privatizações para modernizar o Estado

Filho mais velho do ex-presidente se posicionou como alternativa moderada ao pai

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, em entrevista exclusiva à agência Reuters, que, se eleito, vai trabalhar para que o país tenha um governo mais enxuto, com corte de impostos e retomada de privatizações, citando ser favorável a desinvestimentos nos Correios e possivelmente na Petrobras.

Em sua primeira entrevista a um veículo internacional desde que anunciou sua pré-candidatura neste mês, o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro se posicionou como uma alternativa moderada ao pai e sugeriu que defenderá reformas orientadas pela lógica econômica, em vez de batalhas culturais divisivas.

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“Eu me considero, de verdade, um Bolsonaro mais centrado“, disse o senador durante a entrevista em seu gabinete em Brasília, decorado com miniaturas de seu pai e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Eu sempre tive esse perfil de ser mais moderado, mais ponderado”.

Sua candidatura para a corrida presidencial de 2026 foi anunciada após o endosso do pai depois que o líder de direita foi preso para cumprir uma pena de 27 anos acusado de liderar uma tentativa de golpe para reverter sua derrota nas eleições de 2022.

Flávio, de 44 anos, quer dar continuidade à influência política de sua família e, ao mesmo tempo, atrair eleitores pró-mercado, com uma abordagem menos radical do que a adotada por seu pai em temas como as vacinas contra a covid-19.

“Eu sou um Bolsonaro que se vacinou. Tomei duas doses da AstraZeneca, e meu pai preferiu não tomar”, disse ele.

A escolha de Flávio como candidato apoiado pelo pai abalou os mercados, com os analistas expressando dúvidas sobre sua capacidade de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O senador tem passado os últimos dias em reuniões com banqueiros e empresários buscando tranquilizá-los de que, se eleito, dará continuidade ao trabalho do ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, uma figura que inspira confiança nos círculos financeiros do Brasil.

Suas prioridades, acrescentou, são o equilíbrio fiscal, redução de gastos públicos e modernização do Estado, e uma obsessão por reduzir impostos.

O senador reconheceu que no mundo financeiro havia uma expectativa de que o ex-presidente pudesse endossar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também visto como um líder de direita mais moderado, para a disputa.

Mas argumentou que sua postura mais equilibrada está levando algumas pessoas a lhe dizerem que ele é “o Bolsonaro que a gente sempre quis”.

Privatizações

Ao listar suas prioridades, Flávio mencionou a possibilidade de privatizar os Correios, que enfrentam dificuldades financeiras e déficits crescentes.

Ele também defendeu reavaliar a estrutura complexa da Petrobras, sugerindo que estudos poderiam eventualmente levar ao desinvestimento de determinados segmentos para tornar as operações mais eficientes.

“A Petrobras é complexa demais. São vários segmentos. Tem a parte de extração, tem a parte de pesquisa, tem a parte de distribuição, tem a parte de refino. Então ela é um grande conglomerado de empresas que a gente tem que ver o que funciona e tem que continuar, o que não funciona e pode ser privatizado”, disse.

Seu desejo de um papel maior para o setor privado se estende ao mercado de aviação, que ele identifica como uma área que precisa de mais concorrência para melhorar os serviços.

“Hoje você tem praticamente duas ou três companhias aéreas que funcionam no Brasil, que é muito pouco”, afirmou.

Flávio ainda não indicou um líder para sua equipe econômica, mas contou que tem buscado conversar e se aconselhar com pessoas próximas ao governo de seu pai.

Ele citou nomes como Paulo Guedes; o ex-presidente do BNDES Gustavo Montezano; o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto; o ex-ministro Adolfo Sachsida; e Daniella Marques, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, indicando forte desejo de dar continuidade à agenda econômica iniciada na gestão de seu pai.

Viagens internacionais

Apesar do ceticismo inicial em torno de sua candidatura, Flávio disse estar firme em seu compromisso de concorrer à Presidência, e acrescentou que sua madrasta, Michelle Bolsonaro, que também foi considerada uma possível candidata, não deve concorrer como sua vice.

A pré-candidatura do senador, entretanto, enfrenta obstáculos significativos: ele está 10 pontos percentuais atrás de Lula em cenários simulados de segundo turno; metade dos brasileiros rejeita candidatos endossados por Jair Bolsonaro; e alguns aliados de seu pai, notadamente o pastor Silas Malafaia, duvidam de sua “musculatura política”.

Flávio, no entanto, apontou sua extensa carreira política e expressou confiança de que os desafios atuais podem ser superados e que uma maior exposição pública fará com que os brasileiros o vejam como um candidato equilibrado.

Como parte de sua campanha, Flávio está planejando uma viagem internacional, possivelmente a partir de janeiro, para vários países, incluindo Estados Unidos, Argentina, Chile, Israel, países do Oriente Médio e algumas nações europeias, com o objetivo de atrair investimentos para o Brasil.

Flávio disse que ainda não está claro se terá reuniões com autoridades de alto escalão nos Estados Unidos.

No entanto, ele expressou o desejo de se encontrar com o presidente Trump e, eventualmente, recebê-lo em sua posse em janeiro de 2027, caso vença.

O senador disse que a viagem está sendo coordenada por seu irmão Eduardo Bolsonaro, que recentemente perdeu seu cargo de deputado após se mudar para os Estados Unidos para liderar uma campanha contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do julgamento criminal de seu pai.

Leia mais: Ratinho Júnior lidera ranking com 85% de aprovação entre governadores

Por Reuters

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