O governo do Rio de Janeiro apresentou ao STF, nesta segunda-feira (22/12), um plano estratégico para enfrentar o crime organizado em territórios dominados por facções e milícias, apostando não só em policiamento, mas também em ações sociais, urbanas e econômicas. A proposta atende a uma exigência da ADPF 635 e promete começar a ser executada depois do carnaval de 2026.
Do fuzil ao serviço público: a lógica da reocupação
Batizado de Plano Estratégico de Reocupação Territorial, o projeto prevê cinco fases integradas e terá início na zona sudoeste da capital fluminense, região marcada por disputas entre milícias e o tráfico. As primeiras comunidades atendidas serão Rio das Pedras, Muzema e Gardênia Azul, escolhidas pelo nível crítico de violência e vulnerabilidade social.
Acesse o canal da TMC no WhatApp para ficar sempre informado das últimas notícias
A primeira fase foca em segurança e justiça, com mapeamento das áreas, presença ostensiva da polícia e, se necessário, apoio de forças federais. Além disso, o plano mira o controle financeiro das facções, com fiscalização de serviços como gás, internet e gelo, usados para lavagem de dinheiro.
Estado volta junto com escola, luz e saneamento
Nas fases seguintes, o governo promete virar a chave. A ideia é levar o Estado de forma permanente, com mutirões sociais, reforma de escolas, ensino em tempo integral, cursos profissionalizantes, além de obras de saneamento, iluminação pública e mobilidade urbana. A proposta também prevê incentivo a microempresas, cooperativas e até turismo comunitário.
Segundo o governo, o objetivo é claro: substituir a economia do crime por oportunidades legais, gerando emprego e renda nas comunidades.
Comunidade dentro do processo
O plano foi construído com a escuta de cerca de 400 moradores das regiões-piloto e prevê participação ativa da população desde o início. Conselhos locais, reuniões periódicas e uma plataforma digital de transparência vão acompanhar indicadores de violência e ações do poder público.
Sem repetir erros do passado
O governo faz questão de diferenciar a iniciativa de experiências anteriores, como as UPPs. O documento cita Medellín, na Colômbia, como inspiração e defende que operações policiais sem políticas públicas não resolvem o problema. Hoje, segundo o diagnóstico oficial, um terço da população fluminense vive sob influência direta do crime organizado.
Ao STF, o governador Cláudio Castro reforçou que reocupar não é só voltar com a polícia. “É garantir permanência do Estado e transformação da realidade local”, afirmou.
