O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apresentou, nesta segunda-feira (29/12), um plano de reestruturação que prevê o corte de 15 mil postos de trabalho e o fechamento de agências deficitárias. O projeto, anunciado durante entrevista coletiva na sede da estatal, busca reverter o déficit estrutural superior a R$ 4 bilhões anuais, identificado em diagnóstico interno.
A primeira fase do plano já está em andamento com a captação de R$ 12 bilhões junto a um grupo de bancos para capital de giro. Desse total, R$ 10 bilhões serão liberados ainda em 2025 e R$ 2 bilhões, em janeiro de 2026, conforme declarou Rondon.
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Cinco instituições financeiras participaram da operação: Banco do Brasil, Caixa e Bradesco contribuíram com R$ 3 bilhões, cada um, enquanto Santander e Itaú aportaram R$ 1,5 bilhão, cada um. O plano inicial previa captação de R$ 20 bilhões, restando ainda a necessidade de obtenção de R$ 8 bilhões adicionais.
“A correção de rota precisa ser feita de forma rápida”, afirmou Rondon, que assumiu a presidência da estatal em setembro deste ano. Ele reiterou seu compromisso de “restaurar o orgulho e a eficiência dos Correios”.
Demissão de 15 mil
A segunda fase do plano, com início previsto para março, implementará um Programa de Demissão Voluntária (PDV), visando 10 mil funcionários em 2026 e mais 5 mil, em 2027. A economia anual estimada com essa medida é de R$ 2,1 bilhões, com impacto pleno esperado para 2028.
De acordo com o presidente, a despesa com pessoal representa aproximadamente 62% dos gastos totais da empresa. Considerando os precatórios trabalhistas, esse percentual sobe para 70% a 72%.
“Isso vai permitir a adimplência nos contratos com fornecedores, benefícios de empregados e tributos, recuperar a qualidade da operação […], que tem potencial de fazer a receita voltar a crescer, e, finalmente, a confiança de clientes e fornecedores”, explicou Rondon.
Venda de imóveis
O plano também prevê a venda de imóveis ociosos e operações de sale and leaseback, com expectativa de gerar receita de R$ 1,5 bilhão, em 2026. Paralelamente, a estatal redesenhará sua rede de operações, otimizando a malha logística e fechando unidades com sobreposição geográfica, medida que deve proporcionar impacto financeiro de R$ 2,1 bilhões.
“Mas sempre sem afetar o cumprimento das regras da universalização que temos de cumprir como empresa”, ressaltou o presidente.
Investimento do “Banco do Brics”
Na terceira fase do plano, focada no crescimento, os Correios preveem investimentos de R$ 4,4 bilhões, entre 2027 e 2030, financiados pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NDB/Brics). Os recursos serão destinados à automação de centros de tratamento, renovação da frota, modernização da infraestrutura de TI e redesenho da malha logística.
A expectativa é gerar mais de R$ 8 bilhões em receitas adicionais até 2029 e retomar resultados positivos a partir de 2027. O diagnóstico que fundamentou o plano identificou patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$ 6,057 bilhões até setembro de 2025.
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Uma consultoria externa será contratada para avaliar possíveis arranjos societários e parcerias mais abrangentes.
“É uma visão de médio e longo prazo que demora um pouco para ser criada de uma forma responsável e também com tecnicidade para que se possa dar um novo passo para a companhia”, explicou Rondon.
