Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), passou a noite na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR), perto da fronteira com o Paraguai, onde foi preso na sexta-feira (26/12), no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção.
Ele tentava embarcar para El Salvador com documentação falsa. Após a detenção, as autoridades paraguaias o expulsaram do país e o entregaram à PF brasileira na cidade paranaense. A transferência do ex-diretor para Brasília está prevista para este sábado (27/12).
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A prisão ocorreu depois que Vasques rompeu a tornozeleira eletrônica que usava como medida cautelar e fugiu de sua residência. O ex-diretor da PRF foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e 6 meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Durante a abordagem no aeroporto paraguaio, Vasques apresentou documentos com o nome de Julio Eduardo e alegou sofrer de câncer no cérebro, afirmando que não podia falar. A polícia paraguaia identificou a falsidade dos documentos por meio de comparação de fotos, numeração e impressões digitais.
A fuga de Vasques começou na véspera de Natal. Segundo informações enviadas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, o ex-diretor deixou seu condomínio em São José (SC) por volta das 19h22 do dia 24. Policiais penais tentaram localizá-lo entre 20h10 e 20h25 do mesmo dia, sem sucesso. “Foram até o apartamento do réu, nº 706- Bloco A, mas ninguém atendeu. Também foram até a vaga de garagem, nº 333, e a encontraram vazia.”
A Polícia Federal só foi acionada às 23h do dia 24 e não conseguiu determinar os motivos da violação da tornozeleira eletrônica. Na decisão que determinou a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes afirmou: “As diligências in loco realizadas pela Polícia Federal no endereço residencial do réu Silvinei Vasques indicam a efetivação de sua fuga”.
Moraes acrescentou que “o réu não se encontrava em seu apartamento no momento da diligência, em violação à medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno; estava utilizando veículo automotor alugado; esteve em seu endereço residencial até as 19h22min do dia 24/12/2025, quando não foi mais visto entrando ou saindo de carro; e carregou o veículo alugado com o seu animal de estimação e materiais para transporte de cachorro”.
Após ser detido, Vasques foi conduzido de carro até Ciudad del Este, onde passou por procedimentos na aduana antes de cruzar a fronteira com o Brasil. Durante o trajeto, permaneceu algemado e com um capuz.
A condenação de Vasques pelo STF apontou que ele integrou o chamado “núcleo 2” da organização criminosa e atuou para monitorar autoridades e impedir a votação de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF no segundo turno das eleições de 2022.
Antes dessa condenação, Vasques já havia sido condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da PRF durante a campanha eleitoral de 2022. A decisão resultou em multa superior a R$ 500 mil e outras sanções cíveis, por ter utilizado recursos e a visibilidade institucional da corporação para promover a candidatura do então presidente Jair Bolsonaro à reeleição.
O Ministério Público paraguaio investigará a origem dos documentos utilizados por Vasques, para determinar se foram extraviados ou roubados.
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