Diante de 2026, o país vive uma situação descrita como dramática em pontos específicos. Trata-se de um ano de eleições gerais, envolvendo presidente da República, Câmara dos Deputados, Senado, governos estaduais e assembleias legislativas. Em anos eleitorais dessa dimensão, a percepção apresentada é de que quase nada acontece fora do esforço voltado diretamente para o processo eleitoral. Quem ocupa cargos públicos e busca a reeleição costuma direcionar o uso do dinheiro público de maneira enviesada, com o objetivo de produzir a própria vitória.
Esse comportamento não é associado a um único grupo político. O presidente Lula é citado como um exemplo, assim como Jair Bolsonaro, que, enquanto esteve na Presidência, também tentou seguir esse caminho em 2022, apesar de ter perdido a eleição. O resultado esperado para um ano como 2026 é a predominância de bravatas, propaganda intensa, fake news e promessas que não se realizam, caracterizadas como retórica vazia típica de períodos eleitorais.
Ao mesmo tempo, há a avaliação de que o Brasil vem em uma trajetória que gera a sensação de necessidade de saneamento. Quando se fala em política, não se trata apenas da política partidária. O termo é ampliado para abranger os poderes da República como um todo. Mesmo instituições que não são político-partidárias aparecem, em determinados momentos, associadas a práticas descritas como um esgoto que precisaria ser saneado. O caso Master é mencionado como um dos exemplos mais recentes dentro desse contexto.
A polarização é apontada como um fator que contribui para a deterioração da situação. Ela cria um ambiente em que apoiadores de um lado se recusam a aceitar críticas ao seu campo político, enquanto simpatizantes do outro atacam sem distinção. Um dos efeitos diretos desse processo é a destruição da credibilidade, dificultando qualquer análise equilibrada dos fatos.
A discussão se amplia ao cenário internacional, com referência ao Kennedy Center e à atuação de Donald Trump. Nos Estados Unidos, artistas são descritos como militantes ou ativistas, majoritariamente alinhados ao Partido Democrata. Trump é apresentado como alguém que entrou em uma espécie de guerra cultural, buscando usar a máquina federal para avançar pautas do Partido Republicano Conservador. No entanto, há o entendimento de que, em futuras eleições, um democrata pode voltar ao poder, revertendo esse movimento. A adesão da classe artística ao Partido Democrata é caracterizada como orgânica, formada desde a universidade, da atividade cotidiana e dos laços de sociabilidade, independentemente de quem esteja na Presidência. Em contraste, a direita é descrita como historicamente frágil no campo da cultura, sem acreditar ou investir nela, o que gera instabilidade.
No Brasil, a impressão apresentada é de que 2026 representa um desafio significativo. Quando se afirma que não há um “ano novo” no país, isso significa que o cenário tende a se repetir. Personagens e conflitos já conhecidos continuam em circulação, sem sinais de desaparecimento. Paralelamente, projeta-se um ano em que as contas públicas podem estourar, a desinformação se espalhar e a polarização se intensificar, levando à conclusão de que 2026 tende a ser um ano perdido nesse sentido.
Questionado sobre metas para o país, surge a ideia de que, no plano eleitoral, deveria haver um esforço para superar a herança petista-bolsonarista. Essa herança é vista como um estrangulamento do país, impedindo avanços. No campo da esquerda, aponta-se que Lula não tem herdeiro político claro, o que obriga sua recorrente candidatura. Na direita, os nomes se movimentam de forma desordenada, enquanto Bolsonaro é comparado a uma figura cuja volta ao poder é constantemente aguardada. Assim, 2026 poderia ser o momento de surgimento de candidaturas que escapem desse dualismo entre PT e bolsonarismo.
Em um plano mais cotidiano, voltado aos cidadãos comuns, são mencionadas metas individuais. Uma delas é sair do maior número possível de grupos de WhatsApp, especialmente os de condomínio, descritos como profundamente ansiogênicos e capazes de gerar descrédito na experiência social. Outra meta seria reduzir o tempo gasto no Instagram e buscar leituras e conteúdos considerados mais relevantes, já que o consumo contínuo da rede social é associado a um estado de paralisia e à lógica da economia da atenção.
Por fim, reforça-se que, no plano político mais amplo, será necessário colocar no horizonte a superação da polarização PT-Bolsonaro. Essa polarização é associada à corrupção, à destruição da capacidade de análise de notícias e à dificuldade de reflexão, criando um ambiente em que erros são sempre atribuídos ao outro lado, enquanto o próprio campo se considera isento de falhas. No dia a dia, a recomendação final é direta: sair de grupos de WhatsApp, principalmente os de condomínio.
