Uma pesquisa realizada no início de 2025 ajuda a compreender o comportamento do consumidor e também antecipa tendências que devem ser observadas no início de 2026. Os dados levantados trazem um retrato dos principais gastos que pressionam o orçamento das famílias logo nos primeiros meses do ano e evidenciam a necessidade de planejamento financeiro diante de despesas recorrentes, reajustes acima da inflação oficial e juros elevados.
De acordo com o levantamento, 58% das pessoas apontaram IPTU e IPVA como o principal gasto do início do ano. Entre todos os entrevistados, 29% destacaram o reajuste de aluguel e o IPTU como prioridade, enquanto outros 29% mencionaram o licenciamento de veículo e o IPVA como o principal gasto sazonal do período. Esses números mostram como despesas obrigatórias e concentradas no começo do ano exigem organização prévia para evitar desequilíbrios no orçamento.
Esses gastos são considerados sazonais e previsíveis, o que reforça a importância de planejamento ao longo do ano anterior. Benefícios como o décimo terceiro salário e outros valores recebidos no fim do ano precisam ser realocados para cobrir essas despesas. O início do ano concentra uma série de obrigações financeiras que não se limitam apenas a impostos, mas também incluem eventos sazonais como Dia das Mães, Dia dos Pais e férias, que impactam diretamente as finanças das famílias.
Além dos impostos e despesas recorrentes, outro ponto relevante é o acúmulo de reajustes que muitas famílias ainda carregam nesse período. Reajustes de planos de saúde, mensalidades escolares e gastos com material escolar continuam pesando no orçamento. Embora a inflação oficial seja projetada em torno de 4% a 5%, muitos desses custos sobem em ritmo superior. Um exemplo citado é o reajuste escolar, que pode variar entre 9% e 11% ao ano, superando significativamente o índice inflacionário divulgado.
Mesmo para quem está empregado e conta com reajuste salarial anual, o aumento da remuneração nem sempre acompanha o crescimento real das despesas. Um reajuste salarial de 4%, por exemplo, não cobre a inflação percebida no dia a dia. Essa inflação real, que afeta diretamente o bolso das famílias, inclui itens essenciais que registram aumentos muito acima da média, como alimentos que chegam a apresentar variações de até 40%.
Diante desse cenário, o principal ponto de atenção é a necessidade de reavaliar o uso de crédito. É indicado cautela com empréstimos, especialmente o crédito consignado, e uma análise cuidadosa das contas e da real necessidade de assumir novas dívidas. O contexto atual é de taxas de juros elevadas, o que torna o custo do dinheiro mais alto e amplia os riscos do endividamento.
Qualquer recurso extra, como bônus salariais pagos por muitas empresas no fim ou no início do ano, deve ser utilizado de forma estratégica. A orientação é priorizar a quitação de dívidas sazonais mais pesadas e iniciar o ano seguinte com maior organização financeira. A partir de janeiro, a recomendação é começar a formar um caixa específico para despesas como IPTU e IPVA do ano seguinte.
Também é ressaltada a importância de avaliar se vale a pena pagar esses impostos à vista. Caso a pessoa ainda não esteja com as contas em dia ou não possua reserva de emergência, o pagamento parcelado pode ser uma alternativa, mesmo com a perda de descontos que podem chegar a 10%. Se o dinheiro disponível puder ser investido com rentabilidade superior, como 15% ao ano, a matemática financeira pode justificar o parcelamento.
O princípio destacado é que o desconto só compensa quando é maior do que a rentabilidade que o dinheiro poderia gerar se estivesse aplicado. O uso do décimo terceiro salário e de bônus deve ser feito com inteligência, seja para pagamento à vista quando possível, seja para parcelamento que reduza o impacto mensal das despesas.
Por fim, o planejamento não deve se limitar ao ano seguinte. A proposta é antecipar a organização financeira e começar desde já a formação de caixa para as contas de 2027. As resoluções de início de ano precisam sair do papel e se transformar em ações concretas. O calendário também reforça essa urgência: com o Carnaval ocorrendo cedo, fevereiro já trará despesas, e o ano financeiro começa antes do que muitos imaginam. As contas, da mesma forma, não esperam.
