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Marina Izidro
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Jornalista com experiência em coberturas internacionais, Marina Izidro acompanha de perto os desdobramentos políticos, sociais e econômicos do continente europeu. Sua coluna traz as notícias mais relevantes da Europa, com foco nas movimentações do Reino Unido e da União Europeia, impactando a economia e a cultura global.

Novas regras para influenciadores na Itália e as implicações para quem vive da criação digital

Imagem colorida de mulher no celular
Governo da Itália vai aplicar conjunto de regras para influenciadores Foto: Freepik

O governo da Itália passou a aplicar um conjunto de regras consideradas duríssimas para influenciadores que atuam nas redes sociais. Eu acompanho esse movimento com atenção porque, além de envolver o trabalho de quem produz conteúdo, também toca na relação direta entre criadores e seguidores. As multas previstas podem chegar a 600 mil euros, o equivalente a cerca de 3,7 milhões de reais, caso essas normas não sejam cumpridas ou se houver qualquer tentativa de enganar ou explorar quem acompanha esse tipo de conteúdo.

O que muda agora é que qualquer pessoa que tenha mais de 500 mil seguidores em uma rede social, ou que alcance mais de 1 milhão de visualizações por mês, terá que se registrar oficialmente junto ao governo italiano. A obrigação do registro faz parte de um esforço para tornar mais transparente a atuação de quem usa as plataformas como meio de trabalho. Se esse registro não for feito, a multa também é aplicada.

Além dessa exigência, passa a valer um código de conduta específico. Pelas novas regras, fica proibido fazer propaganda de conteúdo de teor sexual, apostas, cigarros e a utilização de personagens criados por inteligência artificial em campanhas promovidas nas redes. Esse ponto chama atenção porque envolve práticas que se tornaram comuns em ações de marketing digital e que agora entram na mira da regulação italiana.

Outra mudança envolve a obrigatoriedade de declarar quando se recebe presentes em troca de divulgação. No Brasil, muitos chamam esses itens de “recebidos”, e eles fazem parte da rotina de divulgação de produtos e serviços nas plataformas digitais. Essa regra me lembrou procedimentos já adotados no setor público de outros países. Aqui na Inglaterra, por exemplo, ministros e ocupantes de cargos públicos precisam declarar quando ganham presentes ou são convidados para eventos. A comparação aparece pela semelhança no mecanismo de transparência, já que o objetivo declarado é evitar conflitos de interesse e garantir clareza para quem acompanha a atuação de figuras públicas.

Essas mudanças impostas pelo governo italiano criam um cenário em que influenciadores passam a lidar com exigências mais rígidas em relação ao conteúdo que publicam e às parcerias comerciais que realizam. A relação entre criadores e seguidores, que muitas vezes se constrói de forma direta e espontânea, agora ganha um componente regulatório que interfere no dia a dia de quem vive da produção digital.

A aplicação dessas regras indica que a atividade de influenciador passa a ser tratada como uma função com responsabilidades formais, envolvendo registros oficiais, limites de publicidade e controle sobre a origem de produtos recebidos. Para quem atua nesse setor, isso representa um conjunto de cuidados adicionais. Para quem consome conteúdo, representa a promessa de maior clareza sobre o que é publicidade, o que é conteúdo espontâneo e quais práticas estão permitidas dentro do ambiente digital.