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Como funcionam as negociações na COP30 e o que o Brasil espera do encontro em Belém?

Belém recebe delegações de 170 países para discutir metas do Acordo de Paris, Fundo Florestas Tropicais para Sempre e participação de povos indígenas no debate climático

Nesta segunda-feira (10/11) tem início a 30ª Conferência das Partes (COP30), a mais alta cúpula da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). Apesar da liderança diplomática do Brasil nas pautas ambientais, esta é a primeira vez que o país sedia o evento.

Nas próximas duas semanas, Belém (PA) recebe delegações de 170 países para discutir, linha a linha, quais deverão ser as políticas adotadas para conter o aquecimento global e as catástrofes climáticas. A escolha da capital paraense como sede da COP30 é um gesto político que sinaliza a importância do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) na agenda brasileira.

A cada cinco anos, os países precisam apresentar à comunidade internacional quais foram os avanços referentes às NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), compromissos assumidos no Acordo de Paris, em 2015. Nesta edição da COP, a atenção ao cumprimento das regras do acordo é ainda maior, já que o objetivo de limitar o aquecimento global a menos de 2ºC completa dez anos.

Mas afinal, como funcionam as negociações na COP30? E o que a sociedade deve esperar ao final do evento?

Na mesa de negociações

Após a Cúpula de Líderes — evento que reúne presidentes e primeiros-ministros do mundo inteiro — é que as negociações realmente começam entre diplomatas e ministros. Nesta edição, as discussões serão organizadas em quatro Círculos de Liderança.

O “Balanço Ético Global” será liderado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em parceria com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. A principal discussão será como evitar o colapso climático, sobretudo após relatórios recentes da ONU indicarem que o aquecimento do planeta já chegou à marca de 1,5ºC.

Segundo o relatório Estado do Clima Global, 2024 foi o primeiro ano a registrar temperatura média superior a 1,5ºC em comparação com o período pré-industrial. Até março de 2025, foram contabilizados mais de 606 eventos extremos desde o ano anterior.

Em outra sala, ministros da Economia das delegações irão se reunir com Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, para buscar formas de mobilizar fundos para projetos de preservação ambiental, como o TFFF. Na COP29, no Azerbaijão, foi estipulado que seriam necessários US$ 1,3 trilhão para evitar o colapso climático.

Além disso, o presidente Lula ainda se reunirá com os demais chefes de Estado para debater os resultados das NDCs e os próximos passos para atingir as metas do Acordo de Paris.

Brasil integra povos indígenas ao debate climático

Pela primeira vez em 30 anos de Conferências das Partes, o Brasil incluiu oficialmente na agenda da COP o debate social e as perspectivas de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.

Formadas pela Comissão Internacional Indígena e pela Comissão Internacional de Comunidades Tradicionais, Afrodescendentes e Agricultura Familiar, as reuniões serão lideradas pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

Nos últimos anos, as perspectivas ecológicas de ativistas e autores indígenas, como Ailton Krenak e Txai Suruí — que discursou na COP26 —, ganharam espaço na cúpula climática. Um marco simbólico de pressão dos movimentos populares é a criação da Cúpula dos Povos, evento paralelo que será realizado em Belém com a participação de mais de mil entidades.

Qual será o resultado da COP no Brasil?

Essa é a pergunta de milhões — e nem mesmo o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, arrisca uma resposta definitiva. Em entrevistas, ele reconhece que o ambiente internacional foi fragilizado com a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Leia mais: TFFF: entenda como vai funcionar o fundo para proteger florestas tropicais criado por Lula

A ausência norte-americana é sentida tanto na arrecadação para o TFFF quanto na definição de políticas concretas para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem desmontado investimentos em projetos ligados à ONU, além de reduzir a contribuição financeira do país à organização. Ao mesmo tempo, o presidente adota uma postura favorável à exploração de recursos naturais não renováveis, como petróleo e carvão mineral.

Apesar das incertezas, a COP30 é vista como um ponto de virada para manter viva a meta do Acordo de Paris. Os países são pressionados a apresentar planos climáticos atualizados e prontos para serem colocados em prática.

Outra frente de negociação que deve gerar resultados é a da adaptação e do financiamento da implementação de projetos de “perdas e danos”, voltados a países mais vulneráveis aos impactos climáticos.

Ainda há muitas dúvidas sobre o que estará no documento final da COP30, em Belém, especialmente se haverá ou não alguma referência explícita ao fim imediato dos combustíveis fósseis.

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