As negociações climáticas deram um passo histórico neste sábado (22/11), quando 195 países aprovaram o Pacote de Belém, um conjunto de 29 decisões que promete transformar a próxima década em um período de “ação acelerada” contra as mudanças climáticas. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que o que sai de Belém “não é o fim de uma conferência, mas o início de uma década de mudança”.
Pacto global promete adaptação maior, transição justa e mais financiamento climático
Entre os pontos centrais, o Pacote prevê triplicar o financiamento da adaptação até 2035, um pedido antigo das nações mais vulneráveis à crise climática. O texto reforça que países desenvolvidos precisam elevar “significativamente” o apoio financeiro às nações em desenvolvimento. Além disso, a conferência concluiu o Roteiro de Adaptação de Baku, que vai guiar o trabalho até 2028.
O encontro também aprovou 59 indicadores voluntários para monitorar o avanço da Meta Global de Adaptação. Os indicadores cobrem áreas como água, alimentação, saúde, infraestrutura e ecossistemas, e integram temas transversais como tecnologia e capacitação.
Outro destaque é o mecanismo de transição justa, que coloca as pessoas — e principalmente a equidade — no centro das políticas climáticas. A iniciativa quer impulsionar cooperação internacional e fortalecer a assistência técnica para garantir transições “justas, inclusivas e equilibradas”.
A COP aprovou ainda um Plano de Ação de Gênero, que reforça o orçamento e amplia a participação de mulheres, especialmente indígenas, afrodescendentes e rurais, em políticas climáticas. A pauta de gênero, historicamente negligenciada, agora ganha estrutura e financiamento para avançar.
A chamada Decisão Mutirão simboliza o espírito do encontro, ao defender que o mundo precisa migrar “das negociações para a implementação”, como explicou Corrêa do Lago. O documento aciona dois novos motores globais: o Acelerador Global de Implementação, criado para apoiar países em seus planos climáticos, e a Missão Belém para 1,5°C, uma plataforma internacional para fortalecer ações de mitigação e adaptação.
Encerrando os anúncios, Corrêa do Lago lembrou que o Brasil segue na presidência da COP até 2026, e destacou três prioridades da gestão: reforçar o multilateralismo, aproximar o tema do cotidiano das pessoas e acelerar, de vez, a execução do Acordo de Paris.
