O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, na audiência de custódia deste domingo (23/11), em Brasília, que tentou abrir a tornozeleira eletrônica porque teve um “surto” provocado por remédios psiquiátricos e negou qualquer intenção de fuga. A versão consta na ata assinada pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, que manteve a prisão preventiva.
Juíza cita fala sobre “alucinação” e remoção com ferro de solda
Segundo o documento, Bolsonaro relatou que teve “alucinação” de que havia uma escuta instalada no equipamento e, por isso, resolveu usar um ferro de solda para abrir a estrutura — algo que, disse, sabia manusear por ter curso na área. Ele afirmou ainda que vem tomando pregabalina e sertralina, medicamentos usados em tratamentos psiquiátricos, e que iniciou um deles apenas quatro dias antes do episódio.
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O ex-presidente declarou que o sono anda “picado” e que, após alguns minutos tentando violar a tornozeleira, “caiu na razão” e acionou os agentes da custódia. Também garantiu que nunca teve surto semelhante e negou qualquer plano de fuga.

Durante a audiência, que terminou por volta das 12h40, a juíza concluiu que a prisão foi legal e que não houve abuso por parte da Polícia Federal. Com isso, Bolsonaro permanece detido.

Julgamento no STF pode manter prisão por tempo indeterminado
Nesta segunda-feira (24/11), a Primeira Turma do STF vai analisar se mantém ou derruba a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Participam da votação Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Moraes não vota, já que foi ele quem determinou a prisão.
Se a Turma referendar a decisão, a preventiva poderá seguir por tempo indeterminado, sendo reavaliada a cada 90 dias, como determina a lei. A ordem também impõe que Bolsonaro receba atendimento médico integral na PF, proíbe visitas sem autorização prévia do STF e cancela todas as liberações anteriormente concedidas, incluindo a de governadores aliados.
Condenação por golpe avança e pode emendar com prisão atual
Paralelamente, Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses pela tentativa de golpe, mas essa condenação ainda não resultou em prisão porque o prazo para recursos não terminou. A defesa dele e de outros seis condenados tem até esta segunda-feira (24/11) para apresentar novos pedidos de revisão.
Como a pena ultrapassa oito anos, o ex-presidente deve iniciar o cumprimento em regime fechado. Assim, caso o STF mantenha a preventiva, ela será imediatamente sucedida pela prisão definitiva quando encerrados os recursos.
