O foguete sul-coreano HANBIT-Nano foi lançado pela primeira vez em território brasileiro na noite desta segunda-feira (22/12), às 22h13, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. A operação, conduzida pela empresa sul-coreana Innospace como parte da missão Spaceward, apresentou uma anomalia durante o voo, seguida pela interrupção do sinal de transmissão.
A transmissão do lançamento durou pouco mais de um minuto antes de ser interrompida, impossibilitando o acompanhamento completo da trajetória do foguete. Durante o breve período de transmissão, foi exibida a mensagem “Experimentamos uma anomalia durante o voo”, indicando que a equipe técnica identificou um problema.
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Antes de sua realização, o lançamento passou por diversos adiamentos. A decolagem estava inicialmente programada para as 15h30 de segunda-feira, mas a Innospace divulgou uma atualização reprogramando o evento para as 22h. Na sexta-feira (19), o horário também sofreu alterações múltiplas, com previsões que variaram de 15h34 para 17h, e finalmente 21h30. Segundo comunicado oficial da empresa em suas redes sociais, problemas no fornecimento de energia elétrica na base motivaram a última mudança no cronograma.
A missão representa um marco significativo para o Programa Espacial Brasileira, envolvendo trabalho coordenado entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Agência Espacial Brasileira (AEB). O objetivo principal foi transportar cinco satélites e três dispositivos ao espaço para auxiliar pesquisas em mais de cinco áreas diferentes, desenvolvidas por instituições brasileiras e indianas.
O HANBIT-Nano possui dimensões impressionantes: 21,9 metros de altura, 20 toneladas de peso e 1,4 metro de diâmetro. Em sua trajetória orbital, o foguete pode atingir velocidades de até 30 mil km/h. Para efeito de comparação, sua altura equivale a um prédio de sete andares e sua velocidade pode superar em 30 vezes a de um avião comercial.
A AEB informou ao g1 que a Innospace estabeleceu um acordo de prestação de serviços com o Governo Brasileiro pelo valor mínimo de retribuição ao Estado, em modalidade que não prevê lucro.
O Centro de Lançamento de Alcântara, construído na década de 1980, oferece vantagens geográficas importantes para operações espaciais. Sua proximidade à linha do Equador permite economia de combustível. A localização próxima a uma extensa área litorânea, a baixa densidade de tráfego aéreo e as diversas possibilidades de inclinações orbitais para lançamentos tornam o local estrategicamente valioso.
Apesar das condições favoráveis, o Centro permaneceu subutilizado por décadas devido a dois fatores principais: um grave acidente ocorrido há mais de 20 anos e disputas fundiárias na região. Em 2003, três dias antes do lançamento programado do foguete VLS-1, ocorreu uma tragédia quando um dos motores teve ignição prematura. A explosão resultante na torre de lançamento causou a morte de 21 técnicos civis.
A abertura da base para o mercado de lançamentos comerciais tornou-se viável após a assinatura de um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas entre Brasil e Estados Unidos em 2019. “Antigamente não era proibido, mas para cada lançamento que você fizesse, precisava de uma autorização especial. Agora, é muito mais fácil”, declarou Marco Antonio Chamon, presidente da AEB.
