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Motoristas de ônibus de SP encerram paralisação após acordo sobre 13º salário

Empresas se comprometeram a pagar benefício até 12 de dezembro, sob pena de intervenção municipal. Protesto afetou 3,3 milhões de passageiros na capital paulista

Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo encerraram a paralisação que afetou 3,3 milhões de passageiros na terça-feira (9). A decisão ocorreu após reunião entre o sindicato da categoria, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e empresários do setor de transporte. As empresas se comprometeram a pagar o 13º salário até 12 de dezembro, sob pena de intervenção municipal.

O encontro emergencial convocado pelo prefeito resultou no acordo que determinou o retorno imediato da circulação dos ônibus. Ficou estabelecido que as empresas que não cumprirem o prazo de pagamento poderão enfrentar processo administrativo para intervenção e possível rescisão contratual.

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A interrupção do serviço foi motivada pelo anúncio de atraso no pagamento do 13º salário e do vale-refeição de férias dos funcionários. Segundo o Sindimotoristas, as empresas haviam prometido efetuar esses pagamentos até o dia 12, mas informaram na terça-feira que não manteriam o acordo.

“É muito importante dizer: não tem em atraso nenhum centavo da Prefeitura de São Paulo para as empresas que têm a concessão do transporte coletivo. É obrigação das empresas manter o pagamento em dia, o 13º e as férias”, afirmou Nunes em entrevista à TV Globo.

O prefeito identificou como estopim da paralisação um documento enviado pelas empresas ao sindicato, que mencionava uma questão “quadrienal” como justificativa para o adiamento do pagamento. Após a circulação desse documento, um dirigente sindical conhecido como “Caixa” enviou um áudio orientando os motoristas a recolherem os veículos.

“Não vamos admitir em hipótese alguma que uma atitude irresponsável dessa prejudique milhões de pessoas e fique impune. Aquela empresa que não fizer o pagamento em dia terá processo administrativo para intervenção e rescisão do contrato. Não quero empresa no sistema que não respeite seus trabalhadores”, declarou o prefeito.

Sobre o áudio que teria iniciado a paralisação, Nunes informou: “Minha equipe está na delegacia fazendo boletim de ocorrência. O transporte coletivo é um serviço essencial, não pode ter paralisação dessa forma. A pessoa que fez esse áudio vai ser responsabilizada criminalmente. Isso é um crime contra a ordem pública”.

A paralisação parcial causou transtornos em diversos terminais da capital. Locais como Santo Amaro e Campo Limpo, na Zona Sul, e Dom Pedro II, na região central, registraram superlotação. Muitos ônibus chegavam aos terminais, desembarcavam passageiros e retornavam às garagens sem prosseguir viagem.

Levantamento da SPTrans e do sindicato dos motoristas apontou que 12 empresas recolheram seus ônibus: Express, Viação Metrópole, Ambiental, Via Sudeste, Viação Grajaú, Mobibrasil, Campo Belo, Gatusa, KBPX, Transppass, Transunião e Movebuss. Outras 12 mantiveram operação normal, entre elas Spencer, Norte Buss, Upbus e Allibus.

A capital paulista registrou 1.486 km de congestionamento às 19h de terça-feira, um novo recorde para 2025. O aplicativo Cittamobi estimou que metade da frota de ônibus deixou de circular durante o protesto.

A Prefeitura suspendeu o rodízio de veículos como medida emergencial para minimizar os transtornos causados pela paralisação.

No Terminal Dom Pedro, o passageiro Josicleison expressou sua frustração: “Tentei embarcar uma hora atrás. Cheguei no Dom Pedro, sem ônibus, essa greve surpresa, complicou a vida da gente. A única coisa é que a gente quer voltar para casa e não consegue. Fiquei uma hora tentando entrar na estação da Sé, não consegui nem passar na catraca, super lotado. Não sei o que fazer, não tem o que fazer. Infelizmente, na maior cidade da América Latina, o trabalhador paulistano não tem o direito de voltar para casa”.

O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) afirmou que “as empresas operadoras associadas à entidade não estão poupando esforços para honrar com suas obrigações trabalhistas com os empregados do setor, inclusive solicitando um maior prazo para o pagamento do 13º salário, em conformidade com o que a legislação estabelece.”

Em nota, o SPUrbanuss acrescentou: “As empresas têm mantido diálogos constantes com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte no sentido de finalizar os acertos para a revisão quadrienal dos contratos de concessão firmados com a municipalidade, recompondo o equilíbrio econômico-financeiro do sistema, de forma a se evitar qualquer movimento paredista dos trabalhadores do transporte coletivo, que venha a causar prejuízos a população que depende desse serviço essencial e estratégico”.

A Prefeitura de São Paulo, por sua vez, declarou: “A pedido do prefeito Ricardo Nunes, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana/Transportes e SPTrans registraram nesta terça-feira um boletim de ocorrência contra as empresas que aderiram a uma paralisação sem aviso-prévio, ferindo gravemente a legislação. A gestão se solidariza com todos os usuários que dependem do transporte público e que hoje sofrem com o descaso, irresponsabilidade e falta de compromisso dessas companhias com a população.”

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