Confederações industriais e centrais sindicais manifestaram-se contra a decisão do Banco Central (BC) de manter a Taxa Selic em 15% ao ano. As entidades afirmam que o patamar atual dos juros prejudica investimentos e criação de empregos no Brasil. A reação ocorreu nesta quarta-feira (10/12), após o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) em Brasília.
O BC optou por não alterar a taxa básica, mesmo diante de indicadores que apontam desaceleração econômica, queda da inflação e enfraquecimento do mercado de trabalho. Representantes da indústria, comércio e trabalhadores expressaram descontentamento com a medida, embora ela tenha sido prevista pelo mercado financeiro.
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As organizações argumentam que a postura do BC ignora o cenário econômico atual, que já permitiria iniciar um ciclo de redução dos juros. Para os críticos, a Selic elevada representa um obstáculo ao crescimento econômico do país.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou comunicado afirmando que o Banco Central desconsiderou “evidências robustas” que indicariam a possibilidade de começar a reduzir a taxa básica.
Ricardo Alban, presidente da CNI, declarou que a manutenção dos juros “é excessiva e prejudicial”, contribuindo para a desaceleração da atividade econômica, encarecimento do crédito e inibição de investimentos produtivos no país.
A Taxa Selic permanece em um dos níveis mais elevados do mundo em termos reais, segundo economistas do setor produtivo. Enquanto isso, outros países, como os Estados Unidos, já iniciaram ciclos de redução de suas taxas de juros.
O próximo passo será a análise do comunicado emitido pelo Copom, que poderá indicar a trajetória futura da política monetária brasileira, conforme avaliação da Associação Comercial de São Paulo.
Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), afirmou que a política monetária está desconectada da realidade nacional e internacional. Segundo ele, a postura atual “prejudica investimentos, consumo e agrava entraves estruturais”, além de dificultar a condução da política fiscal.
A Associação Comercial de São Paulo adotou posicionamento mais moderado. Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, destacou que a inflação e as expectativas permanecem acima da meta, em um contexto que inclui expansão fiscal e incertezas internacionais.
As centrais sindicais também se manifestaram contra a decisão. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) classificou a manutenção da Selic como um “descumprimento das necessidades da população e do setor produtivo”. Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT e vice-presidenta da entidade, criticou a política que, segundo ela, desvia recursos do investimento produtivo para o “rentismo”.
A Força Sindical classificou a decisão como “vergonha nacional”. Miguel Torres, presidente da entidade, afirmou que o Comitê de Política Monetária favorece especuladores e prejudica a economia brasileira. “Estamos vivendo a era dos juros extorsivos”, declarou em comunicado.
Economistas ligados às centrais sindicais afirmam que a inflação já está controlada e que o aperto monetário está provocando queda no consumo, desaceleração do PIB e perda de dinamismo no mercado de trabalho brasileiro.
