A Netflix lançou nesta quarta-feira (12) o documentário “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, a produção revive um dos episódios mais marcantes do Brasil. Em 2008, o país parou por quatro dias para ver o desenrolar do sequestro da jovem Eloá Pimentel.
O documentário, lançado após mais de 15 anos do crime, reconstrói o caso através de depoimentos inéditos dos pais, familiares, amigos e jornalistas. Inclusive é a primeira vez que pai e mãe da jovem, o irmão Douglas Pimentel e a amiga Grazieli Oliveira falam publicamente sobre o assunto. Além disso, segundo os produtores, eles também tiveram acesso ao diário da vítima, grande diferencial da série da Netflix.
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As negociações entre Lindemberg Alves, ex-namorado de Eloá e responsável pelo sequestro, e a polícia tiveram um desfecho trágico. A jovem de 15 anos acabou sendo baleada por Lindemberg dentro do apartamento e, mesmo após ser socorrida, não resistiu aos ferimentos. Eloá teve morte cerebral e veio a falecer.
Na época, autoridades afirmaram que a exposição intensa do caso pela mídia interferiu negativamente nas operações e atrapalhou o trabalho da polícia durante as negociações.
Por que Sonia Abrão foi criticada?
Durante as mais de 100 horas de sequestro, a cobertura midiática foi intensa. Posteriormente foi chamada de “espetacularização da tragédia”. E uma das participações mais marcantes e controversas foi a da apresentadora Sônia Abrão, no programa A Tarde É Sua, da RedeTV!.
Em um primeiro momento, o repórter Luiz Guerra, do programa da Rede TV!, conseguiu o telefone da residência onde Eloá estava mantida em cárcere privado e entrou em contato direto com Lindemberg Alves, o sequestrador.
A ligação foi gravada e, o jornalista chega a dizer que “a gente quer saber se está tudo bem com você, a nossa preocupação é com você.” Durante a conversa, o sequestrador expressou o desejo de conversar ao vivo com a apresentadora Sônia Abrão.

Na época, Sônia chegou a ligar ao vivo para Lindemberg Alves, tentando convencê-lo a libertar Eloá e a se render pacificamente. A conversa, transmitida em rede nacional, rapidamente se tornou um dos momentos mais comentados do caso. “Todo mundo aqui fora está entendendo que você não é um bandido, não é um marginal, não é um assassino”, disse a apresentadora, durante sua conversa ao vivo com o sequestrador.
A atitude da apresentadora gerou fortes críticas de autoridades e especialistas, que apontaram que a interferência da imprensa, principalmente a conversa direta com o sequestrador, atrapalharam as negociações da polícia, que já estavam em andamento.
Ambas as conversas do programa A Tarde é Sua, por exemplo, ocuparam minutos significativos no telefone que a polícia usava para realizar a negociação com Lindemberg. O Ministério Público chegou a cogitar responsabilizar a emissora pela exposição indevida e pelos riscos causados.
Sonia Abrão não se arrepende?
Em entrevista concedida ao portal UOL em 2014, Sônia Abrão voltou a comentar sobre o episódio e reiterou que não se arrepende da forma como agiu durante a cobertura do caso.
De acordo com a apresentadora, a equipe de reportagem, pela qual Luiz Guerra era responsável, conseguiu o número da residência da vítima e, dessa forma, fez o primeiro contato. O resultado foi uma gravação exibida ao vivo no programa.
“O Lindemberg assistiu ao programa e, quando nosso repórter ligou novamente, disse que queria falar ao vivo porque estava preocupado, não queria que o Brasil pensasse que ele era bandido”, relatou Sônia ao portal ao explicar que o próprio sequestrador quis falar com ela.
“Eu estava apresentando o programa quando o diretor me avisou que o Lindemberg estava na linha”, contou.
Sônia afirmou que decidiu continuar a conversa baseando-se em sua experiência como jornalista. “Com minha experiência jornalística, conversei com ele. E falei com a Eloá também”, disse.
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Onde está Lindemberg hoje?
De acordo com o portal Correio 24h, após a morte de Eloá, Lindemberg Alves foi julgado e condenado a 39 anos de prisão, pena que cumpre atualmente na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Vale lembrar que sua pena foi reduzida de 98 para 39 e três meses em 2013 e foi condenado por homicídio qualificado, cárcere privado, tentativa de homicídio e disparos com arma de fogo.
Desde 2022 ele está em regime semiaberto e neste ano, houve nova redução de pena de pouco mais de cem dias, resultado de trabalhos realizados na unidade prisional e da participação em cursos de capacitação e empreendedorismo.
