Beber álcool em excesso pode antecipar em até 11 anos a ocorrência de um AVC e tornar o quadro muito mais grave, segundo um estudo divulgado neste domingo (21/12). A pesquisa aponta que o consumo frequente da bebida eleva em 57% o risco de derrame, além de aumentar a mortalidade e as chances de sequelas duradouras.
AVC chega mais cedo entre quem bebe demais
O levantamento, conduzido pelo hospital Mass General Brigham, nos Estados Unidos, analisou cerca de 1.600 pacientes com hemorragia cerebral atendidos entre 2003 e 2019. Os dados mostram que pessoas que ingerem três ou mais doses de álcool por dia sofreram AVC, em média, aos 64 anos, enquanto entre abstêmios o evento ocorreu por volta dos 75.
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Além disso, mesmo níveis considerados moderados, como duas doses diárias, já foram associados a sangramentos em regiões profundas do cérebro. Essas áreas, por sua vez, costumam estar ligadas a quadros mais severos e a maior incapacidade após o derrame.
Segundo os pesquisadores, o álcool atua como um combo perigoso. Ele eleva de forma contínua a pressão arterial, provoca picos hipertensivos e enfraquece as paredes dos vasos cerebrais. Com o tempo, isso aumenta a chance de ruptura e de hemorragias extensas.
Outro ponto de alerta é a coagulação. O consumo frequente interfere na função hepática e nas plaquetas, o que favorece sangramentos maiores e dificulta a recuperação. Não por acaso, metade dos pacientes que bebiam muito morreu em até 30 dias após o AVC, índice cerca de 20% superior ao observado na média geral.
Para especialistas, o estudo reforça um recado que vem ficando cada vez mais claro: não existe dose segura de álcool. Além de acelerar doenças cerebrovasculares, o hábito ajuda a explicar o aumento de casos de AVC em adultos com menos de 50 anos, grupo que, em tese, teria menos fatores de risco tradicionais.
