Ao Vivo TMC
Ao Vivo TMC
InícioMundoAcordo de Paris completa 10 anos com alerta por...

Acordo de Paris completa 10 anos com alerta por metas insuficientes

ONU cobra ação para manter limite de 1,5 ºC e acelerar transição

O Acordo de Paris, principal tratado internacional para enfrentar a crise climática, completa 10 anos nesta sexta-feira (12/12). Adotado na COP21, em 2015, o pacto global é considerado um marco histórico, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que o mundo continua distante de cumprir a meta de limitar o aquecimento a 1,5  graus Celsius (ºC) — ponto crítico para evitar impactos severos e potencialmente irreversíveis.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que as emissões globais precisam cair 43% até 2030 para que esse objetivo permaneça ao alcance. Os países são pressionados a reforçar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a acelerar a transição para economias de baixo carbono.

Acompanhe tudo o que acontece no Brasil e no mundo: siga a TMC no WhatsApp

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “2026 deve marcar o início de uma nova década de implementação”.

“Estou plenamente convencido: o Acordo de Paris está funcionando. E continuo tão convicto quanto antes: a ação climática precisa ir além e ser mais rápida. Os últimos dez anos foram os mais quentes já registrados. Estamos testemunhando tragédias humanas, destruição ecológica e crises econômicas em tempo real, com a devastação aumentando à medida que as temperaturas continuam subindo”, disse Guterres.

“No entanto, graças ao Acordo de Paris, não estamos mais no caminho para um aquecimento superior a 4°C — um cenário insustentável. Em vez disso, a trajetória global está mais próxima de 2,5°C”, complementou.

Leia mais: Justiça ordena Enel restabelecer energia imediatamente em São Paulo

Guterres também disse que durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, os países foram unânimes em reconhecer a importância de limitar o aquecimento global.

“Essa união me dá esperança. Podemos controlar a escala e a duração desse aumento repentino das temperaturas e reduzi-las novamente se tomarmos medidas sérias agora. Precisamos de um plano de aceleração que preencha a lacuna entre ambição, adaptação e financiamento”, afirmou Guterres.

Presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago afirmou que o tratado foi decisivo para “destravar” a ação climática em um momento crítico.

“Há dez anos, a ação climática estava emperrada, com muitos obstáculos. O Acordo de Paris possibilitou dar uma nova dinâmica ao combate à mudança do clima”, disse Lago.

“À época das negociações, a ciência indicava que o mundo caminhava para um aumento de cerca de 4°C na temperatura média global. Agora, graças aos esforços realizados desde o Acordo de Paris, nós estamos em 2,5°C. Mas, ainda precisamos evitar ultrapassar 1,5 °C. Então, há muito a ser feito”, complementou.

Christiana Figueres era secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) em 2015, quando o Acordo de Paris foi criado. Ela é pessimista quanto ao alcance das metas estabelecidas há uma década.

“O que eu quero lembrar às pessoas hoje é o seguinte: mesmo com o Acordo de Paris, já está muito claro que não podemos resolver a mudança climática – é tarde demais. Ao mesmo tempo, não precisamos nos condenar aos piores impactos da mudança climática”, disse Figueres nas redes sociais.

“A chave agora é acelerar o ritmo: implementar de forma responsável a redução das emissões e a regeneração dos nossos ecossistemas naturais. Em consonância com o Acordo de Paris, para que nossos filhos, nossos netos e todas as gerações futuras possam vivenciar seus próprios momentos de alegria, de união por algo maior do que eles mesmos”, complementou.

Acordo de Paris

Adotado por 195 Estados Partes e em vigor desde 2016, o Acordo de Paris estabeleceu, pela primeira vez, um compromisso global e vinculativo para conter o avanço da crise climática.

O mecanismo funciona em ciclos de cinco anos, nos quais cada país apresenta ou atualiza seus planos climáticos. Além da redução das emissões, os documentos detalham estratégias de adaptação e diretrizes de longo prazo para orientar economias inteiras rumo à neutralidade de carbono.

A cooperação internacional é considerada um pilar central do acordo, especialmente para apoiar países em desenvolvimento, mais vulneráveis aos impactos climáticos e historicamente responsáveis por uma parcela muito menor das emissões acumuladas. A pactuação reconhece a responsabilidade dos países desenvolvidos em liderar o financiamento climático e promover transferência de tecnologia e capacitação.

Para acompanhar o progresso, o tratado prevê o Quadro de Transparência Reforçado, que obriga, desde 2024, que todas as partes reportem ações, avanços e apoios prestados e recebidos. Os dados alimentarão o balanço global, instrumento que avalia o progresso coletivo rumo às metas de longo prazo.

Por Agência Brasil

MAIS LIDAS

Notícias que importam para você

Lula se reúne com papa Leão XIV, pela primeira vez, no Vaticano

Lula se reúne com papa Leão XIV, pela primeira vez, no Vaticano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (13), no Vaticano, com o papa Leão...
China diz que responderá com firmeza aos EUA sobre ameaça tarifária

China diz que responderá com firmeza aos EUA sobre ameaça tarifária

Se os Estados Unidos estiverem determinados a seguir o próprio caminho, a China tomará resolutamente as medidas correspondentes para...
Mauro Vieira e Marco Rubio se encontram pela primeira vez para tratar tarifaço

Mauro Vieira e Marco Rubio se encontram pela primeira vez para tratar tarifaço

Este será o primeiro encontro entre as autoridades dos dois países após a conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump
Tensão na Venezuela: quem é o chefe das forças dos EUA na América Latina que se demitiu

Tensão na Venezuela: quem é o chefe das forças dos EUA na América Latina que se demitiu

The New York Times revelou que a preocupação de Alvim Halsey sobre o conflito na Venezuela teriam motivado a saída antecipada do cargo