Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ordenou um bloqueio “total e completo” de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela. A medida foi anunciada nesta terça-feira (16/12) através da rede social Truth Social, onde o mandatário também classificou o governo de Nicolás Maduro como organização terrorista estrangeira. A Venezuela ainda não emitiu posicionamento oficial sobre as novas restrições.
O presidente americano justificou a decisão alegando que o regime de Maduro se apropriou de bens dos EUA e está envolvido em atividades ilícitas. “Portanto, hoje, estou ordenando um bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela”, disse Trump, citando supostas conexões com “terrorismo, tráfico de drogas e tráfico de pessoas”.
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A ordem presidencial foi emitida como resposta a alegadas violações de sanções anteriores impostas por Washington. O anúncio acontece exatamente uma semana depois que os EUA apreenderam o petroleiro Skipper na costa venezuelana, embarcação que, segundo a Casa Branca, realizava “transporte ilegal de petróleo”.
A decisão impacta diretamente o governo de Maduro e a economia venezuelana, que tem forte dependência das exportações de petróleo. Os EUA mantêm postura de oposição ao governo venezuelano tanto na atual administração Trump quanto durante o mandato do ex-presidente Joe Biden.
O bloqueio afeta principalmente a Venezuela e seu governo, mas também atinge empresas e embarcações que mantêm relações comerciais com o país sul-americano. Trump afirmou que a nação está “completamente cercada pela maior Armada já reunida na história da América do Sul”.
As operações militares dos EUA concentram-se no Caribe e na costa venezuelana. Em novembro, os americanos fecharam o espaço aéreo venezuelano e orientaram seus cidadãos a evitarem viagens ao país ou a deixá-lo caso estivessem em território venezuelano.
O preço do petróleo bruto nos EUA registrou aumento de aproximadamente 1,3% na terça-feira, sendo negociado a cerca de US$ 56 o barril após as declarações de Trump. Desde setembro, ações militares americanas resultaram na morte de pelo menos 90 pessoas em ataques a embarcações supostamente transportando fentanil e outras drogas ilegais para os EUA. Washington mobilizou 15 mil soldados no Caribe, além de porta-aviões, destróieres com mísseis guiados e navios de assalto anfíbios para implementar a campanha de pressão. Em agosto, o governo Trump elevou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à captura de Maduro.
Não há informações sobre como a Venezuela responderá oficialmente às novas medidas americanas, nem sobre os próximos passos de Trump em relação ao país sul-americano. Existem relatos de conversas telefônicas recentes entre os dois líderes, incluindo um ultimato americano para que Maduro deixe o país.
Trump indicou que haverá intensificação da presença militar americana na região ao afirmar que essa presença “só vai aumentar” e “será algo nunca visto antes”. Em julho, o presidente americano assinou uma diretiva secreta autorizando as forças armadas dos EUA a atacarem cartéis de drogas latino-americanos classificados como grupos “terroristas”. Em outubro, Trump confirmou ter autorizado a CIA a conduzir “operações secretas” dentro da Venezuela.
Em Washington, o deputado democrata Joaquin Castro, do Texas, manifestou oposição à medida, afirmando que o “bloqueio naval de Trump é inquestionavelmente um ato de guerra”. Castro acrescentou que os parlamentares votarão uma resolução “que orienta o presidente a encerrar as hostilidades com a Venezuela”.
Trump acusou Maduro, sem apresentar provas, de “esvaziar suas prisões e hospitais psiquiátricos” e “forçar” seus internos a migrarem para os EUA. A Venezuela acusa os EUA de tentarem apropriar-se de seus recursos petrolíferos, já que o país possui algumas das maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo. Após a apreensão do petroleiro Skipper, Maduro afirmou que os EUA “sequestraram a tripulação” e “roubaram” o navio, enquanto o chanceler venezuelano, Yvan Gil, classificou a ação como “pirataria internacional”.
