Emmanuel Macron, presidente da França, anunciou que seu país não apoiará o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul sem proteções adicionais para agricultores franceses.
A declaração ocorreu nesta quinta-feira (18/12) em Bruxelas, durante uma reunião de cúpula da UE. O líder francês rejeitou qualquer “tentativa de forçar” a aprovação do pacto nas condições atuais.
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O posicionamento francês fundamenta-se na preocupação de que produtores latino-americanos operam sob normas ambientais menos rigorosas, criando competição desigual para agricultores europeus, particularmente os franceses. As garantias obtidas junto à Comissão Europeia são consideradas insuficientes pelos produtores agrícolas da França.
“Quero dizer aos nossos agricultores que manifestam claramente a posição francesa desde o início: consideramos que as contas não fecham e que este acordo não pode ser assinado”, afirmou Macron antes de participar da cúpula europeia.
Na terça-feira (16/12), o Parlamento Europeu aprovou medidas de proteção e estabeleceu um mecanismo para monitorar o impacto do acordo em produtos sensíveis como carne bovina, aves e açúcar.
Os eurodeputados sugeriram que a Comissão Europeia intervenha se o preço de um produto latino-americano for pelo menos 5% inferior ao mesmo item na UE ou se o volume de importações sem tarifas aumentar mais de 5%.
A assinatura do acordo estava programada para o próximo sábado (20/12), no Brasil. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deveria viajar ao país sul-americano para formalizar o pacto, que foi concluído há um ano após mais de duas décadas de negociações com o bloco composto por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
A Itália também demonstrou reservas quanto ao acordo. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, declarou na quarta-feira (17) em discurso no Parlamento italiano que seria “prematuro” para a UE firmar o acordo comercial com o Mercosul. Contudo, Meloni expressou confiança de que as condições necessárias poderão ser atendidas no início do próximo ano.
Caso a Itália se alinhe à França, os dois países, junto com Polônia e Hungria, formariam uma maioria qualificada de estados-membros suficiente para bloquear o pacto.
Paris pediu o adiamento da assinatura do acordo, enquanto a posição italiana permanece indefinida, com sinais contraditórios nos últimos meses sobre seu alinhamento com a Comissão Europeia ou com a França.
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