O governo japonês aprovou um plano orçamentário de defesa que ultrapassa 9 trilhões de ienes para o ano fiscal de 2026. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (26/12) e representa um aumento de 9,4% em comparação ao ano anterior.
O valor, equivalente a R$ 318 bilhões, será direcionado principalmente para fortalecer capacidades de contra-ataque e defesa costeira.
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O orçamento marca o quarto ano do programa quinquenal que visa dobrar os gastos militares anuais do Japão para 2% do PIB. O governo da primeira-ministra Sanae Takaichi adiantou o cronograma original em dois anos, comprometendo-se a atingir essa meta até março próximo, em parte devido à pressão dos Estados Unidos por maior investimento militar.
A estratégia de segurança japonesa de 2022 identifica a China como o principal desafio estratégico do país. Em novembro, Takaichi afirmou que as Forças Armadas japonesas poderiam intervir caso Pequim tomasse medidas contra Taiwan, ilha que o governo chinês considera parte de seu território.
O Japão prepara simultaneamente uma revisão de sua política de segurança e defesa, prevista para dezembro de 2026, visando fortalecer ainda mais suas capacidades militares. O país tem expandido sua capacidade ofensiva com mísseis de longo alcance, modificando sua postura tradicional pós-Segunda Guerra Mundial, que restringia o uso da força apenas para autodefesa.
Os desenvolvimentos militares concentram-se principalmente no sudoeste do Japão, área considerada estratégica para a defesa do arquipélago. Neste mês de dezembro, exercícios militares chineses com porta-aviões próximos a esta região levaram Tóquio a apresentar um protesto formal após aeronaves chinesas travarem seus radares em aviões japoneses.
Do orçamento total, mais de 970 bilhões de ienes (US$ 6,2 bilhões) serão destinados ao fortalecimento da capacidade de mísseis de ataque à distância, conhecidos como standoff. Deste montante, 177 bilhões de ienes (US$ 1,13 bilhão) serão utilizados para adquirir mísseis antinavio Type-12, desenvolvidos no próprio Japão, com alcance de aproximadamente 1.000 quilômetros.
O primeiro lote desses mísseis será posicionado na província de Kumamoto até março, um ano antes do inicialmente planejado. Para defesa costeira, o país investirá 100 bilhões de ienes (US$ 640 milhões) na implantação de um número “massivo” de drones aéreos, marítimos e subaquáticos dentro de um sistema denominado “SHIELD”, com conclusão prevista para março de 2028.
O Japão planeja inicialmente depender de importações para acelerar a implantação desses sistemas não tripulados, possivelmente da Turquia ou de Israel. Esta decisão deve-se em parte ao envelhecimento e declínio populacional que dificulta a manutenção de efetivo militar suficiente.
O programa quinquenal elevará os gastos anuais do Japão para aproximadamente 10 trilhões de ienes (US$ 64 bilhões), tornando o país o terceiro maior em gastos militares globalmente, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O Ministério das Finanças informou que o Japão atingirá a meta de destinar 2% do PIB para defesa até março de 2026.
O plano orçamentário ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento japonês até março para implementação como parte do projeto de orçamento nacional de 122,3 trilhões de ienes (US$ 784 bilhões).
Para financiar o aumento dos gastos militares, o governo Takaichi planeja elevar impostos corporativos e sobre o tabaco, tendo recentemente adotado um plano de aumento do imposto de renda a partir de 2027.
O Japão também busca fortalecer sua indústria de defesa através de desenvolvimentos conjuntos com países aliados. Para 2026, o orçamento prevê mais de 160 bilhões de ienes (US$ 1 bilhão) no desenvolvimento de um caça de próxima geração com o Reino Unido e a Itália, com implantação prevista para 2035.
A indústria de defesa japonesa obteve um avanço importante quando a Austrália selecionou a Mitsubishi Heavy Industries em agosto de 2025 para modernizar a fragata da classe Mogami. O orçamento destina quase 10 bilhões de ienes (US$ 64 milhões) para apoiar a base industrial e as vendas de armamentos.
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