O papa Leão XIV criticou nesta quinta-feira (17/12) os líderes políticos que invocam crenças religiosas para justificar conflitos ou políticas nacionalistas, chamando isso de uma forma de blasfêmia, ou um pecado grave que desrespeita ou insulta Deus.
Leão, o primeiro papa dos EUA, não citou o nome de líderes específicos na mensagem divulgada antes do Dia Mundial da Paz da Igreja Católica, celebrado em 1º de janeiro, mas conclamou os religiosos a resistirem a tais usos da fé.
“Infelizmente, tem se tornado cada vez mais comum arrastar a linguagem da fé para as batalhas políticas, abençoar o nacionalismo e justificar a violência e a luta armada em nome da religião”, disse o papa.
“Os fiéis devem refutar ativamente, sobretudo pelo testemunho de suas vidas, essas formas de blasfêmia que profanam o santo nome de Deus”, afirmou ele.
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Leão também alertou contra o uso da inteligência artificial na guerra na mensagem de quatro páginas, emitida anualmente pelo líder da Igreja de 1,4 bilhão de seguidores.
“Há uma tendência crescente entre os líderes políticos e militares de se esquivarem da responsabilidade, com as decisões sobre a vida e a morte cada vez mais ‘delegadas’ às máquinas”, disse ele. “Isso marca uma traição sem precedentes e destrutiva dos princípios legais e filosóficos do humanismo que fundamentam e protegem toda civilização.”
Leão, eleito pelos cardeais do mundo em maio para suceder o falecido papa Francisco, falou várias vezes em seu primeiro ano sobre os desafios impostos pela IA.
Ele também condenou a violência em nome da religião em sua primeira viagem ao exterior como papa, dizendo aos líderes cristãos do Oriente Médio durante uma viagem à Turquia no mês passado que eles devem “rejeitar veementemente o uso da religião para justificar a guerra, a violência ou qualquer forma de fundamentalismo”.
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Na nova mensagem, o papa também lamentou um aumento global nos gastos militares, citando números do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, segundo os quais os gastos militares mundiais aumentaram 9,4% em 2024, atingindo um total de US$2,7 trilhões, ou 2,5% do PIB global.
Leão alertou contra uma “lógica de confronto (que) agora domina a política global, aprofundando a instabilidade e a imprevisibilidade dia após dia”.
Por Reuters
