Autoridades de Hong Kong informaram nesta segunda-feira (01/12) que detiveram 13 pessoas por suspeita de homicídio culposo em uma investigação sobre o incêndio mais mortal da cidade chinesa em décadas, apontando para materiais de qualidade abaixo do padrão como causa da tragédia que matou 151 pessoas.
A polícia concluiu a varredura de quatro das sete torres engolfadas pelo desastre de quarta-feira no complexo Wang Fuk Court, encontrando corpos de moradores nas escadas e nos telhados, presos enquanto tentavam fugir das chamas.
Cerca de 40 pessoas ainda estão desaparecidas.
Testes em várias amostras de uma malha verde que envolvia andaimes de bambu nos edifícios no momento do incêndio não corresponderam aos padrões de retardamento de fogo, disseram autoridades que supervisionam as investigações em uma coletiva de imprensa.
Os empreiteiros que trabalhavam nas reformas usaram esses materiais abaixo do padrão em áreas de difícil acesso, escondendo-os efetivamente dos inspetores, disse o secretário-chefe Eric Chan.
O isolamento de espuma usado pelos empreiteiros também alimentou as chamas e os alarmes de incêndio do complexo não estavam funcionando corretamente, disseram as autoridades.
Milhares de pessoas compareceram para prestar homenagem às vítimas no domingo. Vigílias também devem ocorrer esta semana em Tóquio, Londres e Taipé, disseram as autoridades.
Em meio à indignação pública pela falta de alertas sobre o risco de incêndio e evidências de práticas de construção inseguras, Pequim advertiu que reprimirá qualquer protesto “antichinês”.
Pelo menos uma pessoa envolvida em uma petição pedindo uma investigação independente, entre outras demandas, ficou detida por cerca de dois dias, disseram fontes familiarizadas com o assunto.
A polícia se recusou a comentar detalhes, dizendo apenas que tomará medidas de acordo com a lei.
Buscas se dirigem aos prédios mais afetados
Os prédios restantes a serem vasculhados em busca de restos mortais são “os mais difíceis”, disse Amy Lam, uma alta autoridade policial, a repórteres no domingo (01/12), acrescentando que a etapa final das buscas pode levar semanas.
Imagens compartilhadas pela polícia mostraram policiais vestindo roupas de proteção, máscaras faciais e capacetes, inspecionando quartos com paredes enegrecidas e móveis reduzidos a cinzas, e caminhando pela água usada para apagar os incêndios que duraram dias.
Uma multidão de policiais chegou ao local na manhã de segunda-feira para continuar a busca nos prédios incendiados.
Os blocos de apartamentos abrigavam mais de 4.000 pessoas, de acordo com dados do censo, e aqueles que escaparam agora precisam tentar reconstruir suas vidas.
Mais de 1.100 pessoas foram transferidas dos centros de evacuação para alojamentos temporários, com outras 680 alojadas em albergues da juventude e hotéis, informaram as autoridades.
Como muitos moradores deixaram seus pertences para trás ao fugir, as autoridades ofereceram fundos de emergência de HK$ 10.000 (cerca de R$ 6.850) a cada família e forneceram assistência especial para a emissão de novas carteiras de identidade, passaportes e certidões de casamento.
Leia mais: Lula afirma que desigualdade no Brasil é a menor da história e detalha novas regras do IR
Por Reuters
