José Antonio Kast, líder do Partido Republicano e candidato da direita, conquistou a presidência do Chile neste domingo (14/12) ao obter mais de 58% dos votos, conforme dados do Serviço Eleitoral chileno. O político de 59 anos derrotou Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho do governo Boric, e será o presidente mais à direita a governar o país desde o término da ditadura de Augusto Pinochet em 1990.
Em seu discurso após a vitória, Kast adotou postura conciliadora e solicitou colaboração da oposição no enfrentamento ao crime organizado. “Serei o presidente de todos os chilenos”, afirmou o presidente eleito, que disputava o cargo pela terceira vez.
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A eleição mantém o padrão de alternância entre direita e esquerda no poder chileno, fenômeno que ocorre desde 2010. Embora Jara tenha liderado o primeiro turno, a soma dos votos de candidatos conservadores ultrapassou 50%, favorecendo Kast na etapa final do pleito.
A segurança pública dominou a campanha eleitoral. Dados do Ipsos mostram que 63% dos chilenos consideram a criminalidade sua principal preocupação. O país registrou aumento de 140% nos homicídios na última década e 868 sequestros em 2024, representando crescimento de 76% em relação a 2021.
“Para esses delinquentes, a vida vai mudar”, declarou Kast, que promete expulsar cerca de 340 mil imigrantes sem documentação e criar um “escudo fronteiriço”, incluindo a construção de um muro na fronteira boliviana e o envio de 3.000 militares para controle de entradas no país.
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“É um dia incrível”, disse o presidente eleito ao subir ao palco. Ele fez um apelo direto aos opositores: “Se vamos combater o crime organizado, precisamos de vocês também”.
Kast pediu apoio contínuo aos eleitores: “Ajudem-me, todos, para que nestes quatro anos consigamos fazer o bem. Assim como temos mantidos nossa unidade, peço esse sacrifício adicional que me sigam acompanhando na Presidência da República.”
O presidente eleito também solicitou respeito aos adversários políticos: “Quero lhes pedir algo muito especial. Quero pedir um momento de profundo respeito e silêncio. Um governo tem partidários e tem oposição. Isso é normal. É legítimo. Claramente, com Jeannette Jara, temos profundas diferenças”.
“Respeito e silêncio vão marcar nossa gestão de governo. Podemos ter diferenças, e duras, podemos acreditar em coisas muito diferentes para a nossa sociedade, porém se estimamos a violência, se estimamos os gritos exagerados, é muito difícil que saiamos à frente”, afirmou.
Kast destacou que “os temas que afetam as pessoas não têm cor política. Há pessoas que se comportam bem na esquerda e na direita. Há pessoas que se comportam mal na esquerda e na direita.” Sobre o Estado, declarou que “não é um espólio e, por isso, queremos fazer um governo de unidade” e acrescentou: “Por isso dissemos que queremos impulsionar um acordo nacional; embora digam que não somos bons para acordos, vamos surpreendê-los.”
O presidente eleito deverá focar no combate à criminalidade, com propostas para endurecer leis contra o crime, ampliar o poder de ação policial e enviar militares para áreas críticas de segurança.
