Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, criticou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky por ainda não ter examinado a proposta de paz americana para o conflito na Ucrânia. A manifestação ocorreu durante evento no Kennedy Center, em Washington, quando Trump disse estar “desapontado” com o líder ucraniano. O enviado especial americano, Steve Witkoff, se reunirá com o presidente russo Vladimir Putin na próxima semana em Moscou para discutir o plano.
A declaração de Trump aconteceu durante conversa com jornalistas no tapete vermelho da cerimônia de entrega dos prêmios Kennedy Center. O presidente americano mencionou que equipes dos EUA mantiveram diálogos com representantes tanto russos quanto ucranianos sobre a iniciativa de paz.
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O descontentamento do presidente americano vem após dias de negociações entre autoridades de Washington e Kiev. O governo ucraniano encerrou suas atividades no final de semana sem avanços concretos, embora tenha se comprometido a continuar os diálogos em busca do que chamou de “paz verdadeira”.
As discussões sobre o plano americano ocorreram depois que representantes dos EUA, Steve Witkoff e Jared Kushner, genro de Trump, se encontraram com Putin no Kremlin. Durante essas reuniões, Moscou rejeitou partes da proposta apresentada pelos americanos.
Trump expressou sua insatisfação em diferentes momentos, tanto no Kennedy Center quanto a bordo do Air Force One na terça-feira (25), quando informou sobre o futuro encontro entre Witkoff e Putin.
A proposta de paz afeta diretamente Ucrânia e Rússia, principais envolvidos no conflito, além de incluir os Estados Unidos como mediador e a União Europeia como parte interessada nas negociações.
A Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano desde o início da invasão, em fevereiro de 2022. O plano americano pressiona Kiev a ceder territórios ocupados pela Rússia e a reduzir seu efetivo militar pela metade.
Não há detalhes sobre quais partes específicas da proposta foram rejeitadas pela Rússia ou quais pontos o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, considerou positivos em sua declaração à televisão estatal russa.
As negociações entre Ucrânia e Rússia têm resultado apenas em acordos limitados para devolução de corpos de soldados mortos e troca de prisioneiros de guerra, sem progressos significativos para um cessar-fogo ou acordo de paz abrangente.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, reagiu ao plano americano afirmando que a paz na Ucrânia “não pode ser negociada sem europeus e ucranianos”. O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, classificou a proposta como uma “capitulação”. Autoridades ucranianas consideram as condições propostas “inaceitáveis”.
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Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, declarou na quarta-feira (26) que ainda é prematuro falar sobre o fim do conflito na Ucrânia, mesmo com o avanço da proposta americana. Peskov também alertou sobre possíveis sabotagens ao processo de paz, afirmando que há pessoas em outros países, inclusive nos Estados Unidos, que poderiam tentar obstruir os esforços pacíficos.
A divulgação do plano americano coincidiu com um dos ataques russos mais letais dos últimos meses na Ucrânia. Em Ternopil, no oeste do país, ao menos 26 pessoas, incluindo três crianças, morreram em um bombardeio. Outras 22 pessoas continuam desaparecidas dois dias após o ataque.
A iniciativa dos EUA também ocorreu durante a visita de Zelensky à Turquia, onde o presidente ucraniano tentou reativar negociações de paz, sem sucesso. Analistas afirmam que a proposta de Washington repete exigências apresentadas por Moscou desde o início do conflito.
