Ao Vivo TMC
Ao Vivo TMC
InícioPolíticaSenado aprova projeto com penas de até 120 anos...

Senado aprova projeto com penas de até 120 anos para facções criminosas

Texto prevê reclusão de até 60 anos para líderes de grupos criminosos e retornará à Câmara para nova análise após modificações feitas pelos senadores

O Senado Federal aprovou o Projeto Antifacção, que cria o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado no Brasil. A votação ocorreu nesta quarta-feira (10/12) em Brasília, com 64 senadores favoráveis e nenhum voto contrário. O texto, relatado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), retornará à Câmara dos Deputados para nova análise das modificações feitas pelos senadores.

A proposta reformula a legislação existente sobre organizações criminosas, atendendo a solicitações do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. As autoridades identificaram possíveis brechas jurídicas na versão aprovada pela Câmara em novembro que poderiam beneficiar criminosos.

Acompanhe tudo o que acontece no Brasil e no mundo: siga a TMC no WhatsApp

O relator retomou a diferenciação entre organizações criminosas, facções e milícias, estabelecendo punições específicas para cada categoria. Esta mudança foi necessária após especialistas apontarem que o texto dos deputados continha definições abrangentes que poderiam favorecer integrantes de grupos criminosos.

O projeto estabelece penas de reclusão entre 15 e 30 anos para quem integrar ou financiar facções criminosas. Para lideranças desses grupos, a punição pode ser dobrada, chegando a 60 anos. Em casos específicos, como uso de explosivos ou infiltração no serviço público, as penas podem ser ainda maiores, alcançando até 120 anos para comandantes, conforme explicou o senador Vieira.

Para organizações criminosas comuns, as penas atuais de três a oito anos serão elevadas para cinco a dez anos de reclusão. Homicídios cometidos por membros de facções ou milícias receberão penas de 20 a 40 anos de prisão.

O texto também endurece as regras para progressão de regime. Condenados por crimes hediondos deverão cumprir pelo menos 70% da pena em regime fechado. Este percentual sobe para 75% no caso de membros de organizações criminosas e pode chegar a 85% para reincidentes. A legislação atual permite que presos por crimes hediondos solicitem progressão após cumprir 40% da pena.

Para financiar as ações de segurança pública, o projeto cria uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre casas de apostas online. A alíquota será de 15% sobre transferências de recursos de pessoas físicas às bets. A expectativa é arrecadar até R$ 30 bilhões por ano com esta medida.

O senador Alessandro Vieira mencionou que a “Declaração Única de Regularização” para casas de apostas que atuam sem autorização tem potencial para arrecadar aproximadamente R$ 7 bilhões.

O projeto determina que o governo apresente e regulamente todos os fundos federais vinculados à segurança em até 180 dias após a eventual sanção da lei. No entanto, não define detalhes sobre a implementação prática de todas as medidas, especialmente quanto à integração entre as forças de segurança.

A proposta estabelece a criação de Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficcos). Estas forças reunirão polícias militares e federal, além de órgãos de investigação e inteligência, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Secretaria Especial da Receita Federal e o Banco Central do Brasil.

O texto permite que a Justiça determine o afastamento de agentes públicos ligados a organizações criminosas quando houver “indícios suficientes” de participação. Além disso, retoma a possibilidade de delatores atuarem como infiltrados em investigações de grupos criminosos, uma medida que havia sido abandonada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP).

MAIS LIDAS

Notícias que importam para você

Bolívia escolhe presidente de direita com candidatos pró-EUA e pragmáticos com Brasil

Bolívia escolhe presidente de direita com candidatos pró-EUA e pragmáticos com Brasil

Pela primeira vez em 20 anos, a esquerda ficou fora do segundo turno na Bolívia, consequência de crise econômica e inflação galopante
Imagem mostra o ex-presidente Jair Bolsonaro em audiência do julgamento da tentativa de golpe. Ele aparece no primeiro plano, com uma sombra que deixa apenas a silhueta do rosto dele. Atrás aparecem cadeiras da audiência.

STF publica condenação de Bolsonaro e avança mais uma etapa para pena de 27 anos

Após publicação do texto final do julgamento, prazo para defesa apresentar recursos que questionam eventuais omissões e contradições
Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski durante a abertura do II Fórum Global sobre Violência Domestica e Subtração Internacional de Crianças, em Fortaleza (CE)

“Nenhum pedido do governador Cláudio Castro até agora foi negado”, diz Lewandowski sobre acusação de recusar ajuda

Ministro da Justiça diz que governo federal tem atendido todos os pedidos do estado e cita transferências de líderes de facções para presídios federais
Imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o interrogatório dele no STF no processo que apura tentativa de golpe de estado

No último dia do prazo, defesa de Bolsonaro pede ao STF redução da pena por tentativa de golpe

No documento, os advogados afirmam que houve cerceamento de defesa, falhas no cálculo das penas e uso de uma delação “viciada e contraditória” do tenente-coronel Mauro Cid