As mulheres constituem 52,2% dos médicos em atividade no estado de São Paulo em 2025, segundo pesquisa Demografia Médica do Estado de São Paulo 2026, divulgada nesta quarta-feira (10/12). O levantamento, realizado pela Associação Paulista de Medicina (APM), indica que, apesar do avanço numérico feminino, persistem desigualdades no acesso a especialidades mais bem remuneradas e cargos de liderança.
O estudo apresentado na sede da APM, na região central da capital paulista, analisou dados de profissionais registrados no Conselho Regional de Medicina do Estado de SP (Cremesp). A pesquisa revela que o número de médicas mais que dobrou entre 2010 e 2025, passando de 42.079 para 103.024, um crescimento aproximado de 145%.
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As projeções indicam tendência de ampliação dessa diferença demográfica. “As áreas com maior presença feminina são justamente as que mais têm crescido nos últimos anos, reforçando a tendência de feminização da medicina paulista”, observa Antonio José Gonçalves, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) e professor docente da Santa Casa de São Paulo.
Em 2035, as mulheres devem representar 66,6% dos médicos paulistas, o equivalente a 226,4 mil profissionais. Atualmente, a média de idade das médicas é de 41,8 anos, enquanto a dos homens chega a 47,3 anos, evidenciando um processo de renovação na profissão.
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As profissionais femininas já são maioria em 22 das 55 especialidades médicas reconhecidas, predominando em áreas com perfil assistencial contínuo ou centrado no cuidado dos pacientes. Essa transformação no perfil dos profissionais de Medicina em SP está relacionada à expansão de vagas nas faculdades e mudanças no perfil dos estudantes ao longo dos anos.
Segundo a pesquisa, a alteração gradual no perfil dos ingressantes nos cursos de Medicina nas últimas décadas resultou no aumento de mulheres nas faculdades e, consequentemente, no crescimento da quantidade de profissionais femininas atuando no estado.
Com a projeção de que as mulheres serão dois terços da força médica em 2035, pesquisadores apontam que a desigualdade tende a se tornar mais visível caso não existam políticas para equilibrar oportunidades na entrada e na progressão da carreira.
A Demografia Médica do Estado de São Paulo 2026 combina dados oficiais do Cremesp e do Conselho Federal de Medicina com um inquérito específico sobre cirurgiões gerais. Para este último, foram realizadas 1.544 entrevistas telefônicas, sendo 798 em São Paulo, entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da USP.
Apesar de não apresentar dados específicos sobre diferenças salariais entre médicos e médicas, o estudo menciona que essa disparidade existe e tende a se ampliar ao longo da carreira. O desafio atual, segundo os autores do levantamento, não é apenas registrar a feminização da medicina, mas garantir que o avanço numérico se traduza em igualdade de condições, acesso e remuneração.
