A União Europeia abriu uma investigação antitruste para determinar se o Google usa de forma irregular o conteúdo online de editoras e vídeos de influenciadores, do YouTube, para treinar seus modelos de inteligência artificial.
A segunda investigação da Comissão Europeia sobre a empresa em menos de um mês reforça a crescente preocupação com o domínio das grandes empresas em novas tecnologias, o que poderia excluir rivais, mas também poderia agravar as tensões com os Estados Unidos, uma vez que as leis da UE adotadas nos últimos anos se tornaram um ponto sensível nas relações com Washington.
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A autoridade de defesa da concorrência da UE afirmou estar preocupada com a possibilidade de o Google estar utilizando conteúdo online de editoras para seus relatórios gerados por IA, conhecidos como AI Overviews, sem compensá-las adequadamente e sem lhes dar a opção de recusar.
A empresa expressou as mesmas preocupações em relação ao uso que o Google faz de vídeos do YouTube enviados por seus usuários.
“O Google pode estar abusando de sua posição dominante como mecanismo de busca para impor condições comerciais desleais às editoras, usando seu conteúdo online para fornecer seus próprios serviços baseados em inteligência artificial”, disse a chefe antitruste da UE, Teresa Ribera, nesta terça-feira (09/12).
“Um ecossistema de informação saudável depende de que as editoras tenham recursos para produzir conteúdo de qualidade. Não permitiremos que intermediários ditem essas escolhas”, acrescentou ela.
O Google rejeitou a queixa apresentada por editoras independentes em julho, o que desencadeou a investigação da UE.
“Essa reclamação corre o risco de sufocar a inovação em um mercado que está mais competitivo do que nunca. Os europeus merecem se beneficiar das tecnologias mais recentes e continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com as indústrias de notícias e criativas à medida que estas fazem a transição para a era da IA”, disse um porta-voz do Google.
A Independent Publishers Alliance, o Movement for an Open Web, cujos membros incluem anunciantes e editores digitais, e a organização britânica sem fins lucrativos Foxglove criticaram o Google.
“O Google quebrou o acordo que sustenta a internet. O acordo era que os sites seriam indexados, recuperados e exibidos quando relevantes para uma consulta. Todos tinham uma chance”, disse o advogado Tim Cowen, que assessora os grupos. “Agora, ele coloca seu AiO, o Gemini, em primeiro lugar e, para piorar a situação, explora o conteúdo dos sites para treinar o Gemini. O Gemini é o gêmeo maligno da Busca”, acrescentou Cowen.
Os AI Overviews são relatórios gerados por IA que aparecem acima dos hiperlinks tradicionais para páginas da web relevantes e são exibidos para usuários em mais de 100 países. A empresa começou a adicionar anúncios à ferramenta em maio passado. A política anti-spam do Google também está na mira da UE após uma investigação iniciada por editoras.
A empresa corre o risco de uma multa de até 10% de sua receita anual global se for considerada culpada de violar as regras antitruste da UE.
Na semana passada, a Comissão Europeia lançou uma investigação sobre os planos da meta de bloquear concorrentes de IA em seu sistema de mensagens WhatsApp, ressaltando o crescente escrutínio regulatório.
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Por Reuters
