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Trump reorienta forças militares dos Estados Unidos com foco na América Latina

Nova estratégia de segurança nacional prioriza combate a cartéis de drogas e contenção da imigração ilegal na região, enquanto reduz presença em outras áreas do mundo

A Casa Branca publicou nesta sexta-feira (5/12) a nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, estabelecendo um realinhamento militar que prioriza a América Latina.

O documento determina que os EUA reduzirão sua presença em outras regiões do mundo enquanto expandem sua influência no Hemisfério Ocidental. A publicação acontece em um momento de intensificação da presença militar americana no Caribe.

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A diretriz formaliza planos para combater cartéis de drogas e conter a imigração ilegal na região latino-americana, temas que o governo Trump tem enfatizado desde agosto. O texto também aborda a contenção da influência chinesa e o apoio a Taiwan.

O documento indica que os EUA diminuirão sua atuação em áreas consideradas menos relevantes para a segurança nacional americana. “Reajuste de nossa presença militar global para enfrentar ameaças urgentes em nosso Hemisfério, afastando-nos de teatros cuja relevância relativa para a segurança nacional americana diminuiu nas últimas décadas ou anos”, afirma o texto.

Esta mudança estratégica afetará diretamente os países da América Latina e do Caribe, além de impactar aliados em outras regiões, que deverão assumir maior responsabilidade por sua própria segurança.

Três pilares para a América Latina

O realinhamento militar na região será estruturado em três elementos principais. O primeiro envolve o fortalecimento da presença naval: “Uma presença mais adequada da Guarda Costeira e da Marinha para controlar as rotas marítimas, conter a migração ilegal e outras formas indesejadas de migração, reduzir o tráfico de pessoas e de drogas e controlar rotas de trânsito essenciais em situações de crise”.

O segundo elemento foca em operações contra o narcotráfico: “Ações direcionadas para proteger a fronteira e derrotar cartéis de drogas, incluindo, quando necessário, o uso de força letal para substituir a estratégia fracassada baseada apenas na aplicação da lei nas últimas décadas”.

O terceiro componente visa a expansão da presença estratégica: “Estabelecer ou ampliar o acesso em locais de importância estratégica”.

Há indicações de que a presença militar dos EUA na região poderá ser mais duradoura do que anteriormente previsto.

Ressurgimento da Doutrina Monroe

A estratégia americana ressuscita explicitamente a Doutrina Monroe, um princípio histórico da política externa dos EUA. O documento menciona a necessidade de “reafirmar e aplicar a Doutrina Monroe para restaurar a predominância americana no Hemisfério Ocidental”, com uma “retomada poderosa” do controle sobre a região. Esta doutrina defende “a América para os americanos“, considerando qualquer tentativa de “recolonização” por outros países como ameaça direta aos EUA.

O texto estabelece uma postura firme contra a influência de potências não-ocidentais: “Negaremos a competidores de fora do Hemisfério a capacidade de posicionar forças ou outras capacidades ameaçadoras, ou de possuir ou controlar ativos de importância estratégica em nosso Hemisfério”.

A China, principal parceiro comercial de várias nações da região, incluindo o Brasil, aparece como alvo indireto dessa política. Embora o documento reconheça que a influência de alguns países sobre a região “será difícil de reverter”, a administração Trump considera que muitas dessas relações são mais comerciais que ideológicas.

Estratégia para outras regiões

Para implementar sua estratégia, os EUA planejam fortalecer parcerias existentes e desenvolver novas alianças. “Iremos alistar amigos já estabelecidos no Hemisfério para controlar a migração, interromper o fluxo de drogas e fortalecer a estabilidade e a segurança em terra e no mar. Também iremos expandir, cultivando e fortalecendo novos parceiros, ao mesmo tempo em que reforçamos o apelo de nossa própria nação como o parceiro econômico e de segurança preferido do Hemisfério”, detalha o documento.

No Leste Asiático, o governo Trump solicita que Japão e Coreia do Sul aumentem seus gastos em defesa, com investimentos militares voltados para “capacidades para dissuadir adversários”. O documento também menciona um “grande foco” em Taiwan, devido à importância da ilha na produção de semicondutores.

“Também iremos endurecer e fortalecer nossa presença militar no Pacífico Ocidental, enquanto, em nossas relações com Taiwan e a Austrália, manteremos uma retórica firme sobre o aumento dos gastos em defesa”, indica o texto.

No Oriente Médio, a estratégia visa “mudar responsabilidades e construir a paz”. Após o bombardeio a instalações nucleares do Irã e o acordo de paz na Faixa de Gaza, os EUA pretendem reduzir seu envolvimento direto e apoiar-se em parceiros regionais que, segundo o documento, “estão demonstrando seu compromisso em combater o radicalismo”.

A Casa Branca também critica a Europa por supostamente bloquear o progresso nos acordos de paz sobre a Ucrânia. O governo Trump pretende fazer do controle de fronteiras “o elemento principal da segurança” americana, criticando as políticas migratórias europeias e prometendo “apoiar aqueles que se opõem aos valores promovidos pela União Europeia” nessa área.

A mudança de postura ocorre como parte de uma “correção de conduta em relação às gestões anteriores”, que segundo o documento, sobrecarregaram os EUA com responsabilidades globais e permitiram que aliados transferissem seus custos de defesa para os americanos.

Leia mais: Maduro faz apelo a brasileiros em “portunhol” contra ações militares dos EUA

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