A obesidade entre gestantes brasileiras mais que dobrou entre 2008 e 2022, segundo pesquisa conduzida pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Entre mulheres adultas, a prevalência da condição passou de 13,3% para 29,9%, enquanto entre adolescentes subiu de 4,5% para 10,4% no período analisado.
O estudo foi publicado na última sexta-feira (21/11) na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde e utilizou mais de 6,5 milhões de registros de peso e altura, além de 319 mil dados de consumo alimentar de gestantes cadastradas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).
Acesse o canal da TMC no WhatApp para ficar sempre informado das últimas notícias
Os pesquisadores apontam crescimento médio anual da obesidade de 5,2% entre gestantes adultas e 5,9% entre adolescentes. Embora o estudo não estabeleça relação causal, os autores sugerem que a alta prevalência da obesidade pode estar relacionada ao consumo frequente de alimentos ultraprocessados, caracterizados pelo alto teor calórico e baixo valor nutricional.
O nordeste é a região que mais consome ultraprocessados
A análise mostrou que 90% das gestantes relataram ter consumido pelo menos um alimento ultraprocessado – como biscoitos recheados, salgadinhos e bebidas açucaradas – no dia anterior ao levantamento, índice muito superior à média de 18% na população geral.
O Nordeste foi a região com maior consumo de ultraprocessados, especialmente entre gestantes adultas. Entre 2015 e 2022, o consumo de macarrão instantâneo, salgadinhos e biscoitos salgados cresceu 1,8% ao ano, e o de biscoitos recheados e guloseimas aumentou 1,6% ao ano. Entre adolescentes, o consumo de hambúrgueres e embutidos subiu 4,6% ao ano na região.
Leia mais: Consumo de ultraprocessados cresce no mundo e preocupa cientistas
Brasil consome menos bebidas adocicadas
Apesar do alto consumo de ultraprocessados, o estudo identificou queda de 1% ao ano no consumo de bebidas adoçadas entre gestantes adolescentes no Brasil entre 2015 e 2022. No Norte, a queda foi ainda maior, 1,6% ao ano.
Segundo a pesquisadora da UFC Sthefani da Costa Penha, uma das autoras do estudo, a redução pode estar associada a políticas públicas de alimentação saudável, como a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014).
A pesquisa destaca a necessidade de reforçar políticas de educação alimentar e nutricional, ampliar a cobertura do Sisvan e fortalecer estratégias de prevenção da obesidade. “Investir na qualificação e ampliação da cobertura desses registros é essencial para promover a alimentação adequada e o cuidado nutricional das gestantes”, conclui Penha.
Com informações da Agência Bori
