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China impõe restrições a importações de carne bovina para proteger setor doméstico

Nos primeiros 11 meses deste ano, o Brasil embarcou 1,33 milhão de toneladas de carne bovina para a China, de acordo com dados da alfândega chinesa

A China imporá uma tarifa adicional de 55% sobre importações de carne bovina que excederem os níveis de cota dos principais países fornecedores, incluindo Brasil, Austrália e Estados Unidos, em uma medida para proteger o setor pecuário doméstico, que está lentamente saindo do excesso de oferta.

O Ministério do Comércio da China informou nesta quarta-feira (31/12) que a cota total de importação para 2026 para os países atingidos por suas novas “medidas de salvaguarda” é de 2,7 milhões de toneladas, praticamente em linha com o recorde de 2,87 milhões de toneladas importadas no total em 2024.

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Os novos níveis de cota anual estão abaixo dos patamares de importação para os primeiros 11 meses de 2025 para alguns países, incluindo os principais fornecedores, Brasil e Austrália.

“O aumento na quantidade de carne bovina importada prejudicou seriamente a indústria doméstica da China”, disse o ministério ao anunciar a medida após uma investigação iniciada em dezembro passado. A medida entra em vigor em 1º de janeiro por três anos, com a cota total aumentando anualmente.

As importações de carne bovina para a China caíram 0,3% nos primeiros 11 meses deste ano, para 2,59 milhões de toneladas.

As importações chinesas de carne bovina diminuirão em 2026 como resultado das medidas, disse Hongzhi Xu, analista sênior da Beijing Orient Agribusiness Consultants.

“A criação de gado bovino da China não é competitiva em comparação com países como o Brasil e a Argentina. Isso não pode ser revertido no curto prazo por meio de avanços tecnológicos ou reformas institucionais”, disse Xu.

Volume da cota (1.000 toneladas)202620272028Importações reais de janeiro a novembro de 2025
Brasil1.1061.1281.1511.329
Argentina511521532436
Uruguai324331337188
Nova Zelândia206210214110
Austrália205209213295
Estados Unidos16416817155
Outros países/regiões172175179
Total2.6882.7422.797
Tarifa adicional55%55%55%

Em 2024, a China importou 1,34 milhão de toneladas de carne bovina do Brasil, 594.567 toneladas da Argentina, 243.662 toneladas do Uruguai, 216.050 toneladas da Austrália, 150.514 toneladas da Nova Zelândia e 138.112 toneladas dos EUA.

Nos primeiros 11 meses deste ano, o Brasil embarcou 1,33 milhão de toneladas de carne bovina para a China, de acordo com dados da alfândega chinesa, bem acima dos níveis de cota estabelecidos pelas novas medidas de Pequim.

Também neste ano, os embarques australianos para a China aumentaram, ganhando participação às custas da carne bovina dos EUA, depois que Pequim, em março, permitiu que as licenças expirassem em centenas de frigoríficos norte-americanos e o presidente dos EUA, Donald Trump, desencadeou uma guerra tarifária. Os embarques norte-americanos foram de apenas 55.172 toneladas até novembro.

As exportações australianas de carne bovina para a China ficaram em 294.957 toneladas nos primeiros 11 meses de 2025.

A medida da China ocorre em um momento em que a escassez global de carne bovina faz com que os preços subam em muitas partes do mundo, inclusive para níveis recordes nos EUA.

Em resposta ao anúncio de Pequim, Mark Thomas, presidente da Western Beef Association na Austrália, disse que “há muitos outros países que aceitarão nosso produto”.

Proteção doméstica

A China fez seu anúncio após duas extensões de sua investigação sobre a importação de carne bovina, que, segundo autoridades, não tem como alvo nenhum país em particular.

As tarifas ajudarão a conter o declínio no estoque de vacas reprodutoras da China e darão tempo para que as empresas nacionais de carne bovina façam ajustes e atualizações, disse Zengyong Zhu, pesquisador do Instituto de Ciência Animal da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas.

Pequim intensificou o apoio de políticas ao setor de carne bovina este ano e afirmou, no final de novembro, que a criação de gado havia sido lucrativa por sete meses consecutivos.

Por Reuters

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