O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), viajou em um jato particular com o advogado Augusto Arruda Botelho, que representa um diretor do Banco Master em processo judicial.
A viagem ocorreu em 29 de novembro, para Lima, no Peru, onde ambos assistiram à final da Copa Libertadores entre Flamengo e Palmeiras. Um dia antes, em 28 de novembro, Toffoli havia sido sorteado como relator do caso envolvendo o Banco Master no STF.
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A informação foi inicialmente divulgada pelo colunista Lauro Jardim do jornal “O Globo” e posteriormente confirmada por pessoas próximas ao ministro. Segundo a reportagem, o deslocamento foi realizado em uma aeronave pertencente ao empresário e ex-senador Luiz Oswaldo Pastore, que também transportou o ex-deputado Aldo Rebello.
O sorteio que designou Toffoli como relator do processo do Banco Master aconteceu a partir de recurso apresentado pelos advogados de Daniel Vorcaro, proprietário da instituição financeira que foi liquidada pelo Banco Central.
Por meio de interlocutores, o ministro confirmou ter viajado no avião de Pastore, de quem afirma ser amigo. Toffoli também reconheceu a presença de Augusto Arruda Botelho, que ocupou o cargo de secretário Nacional de Justiça durante o governo do presidente Lula.
Segundo relatos, o ministro afirmou que durante o voo não houve conversas sobre o processo do banco liquidado. Arruda Botelho atua na defesa de Luiz Antonio Bull, diretor de compliance do Banco Master, que foi preso junto com Vorcaro.
Em 28 de novembro, uma decisão judicial determinou a revogação das prisões, substituindo-as por medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
De acordo com Toffoli, o advogado Botelho apresentou recurso ao STF apenas após a viagem a Lima. O documento foi protocolado em 3 de dezembro, em nome do diretor.
Na mesma data, o ministro determinou o sigilo do caso e transferiu o inquérito para o STF, sob sua relatoria. A decisão atendeu ao pedido do diretor Luiz Antonio Bull, que apresentou solicitação semelhante à anteriormente feita pelos advogados de Vorcaro.
O ministro justificou a imposição de sigilo ao processo alegando que o caso envolve questões econômicas com potencial impacto no mercado financeiro, segundo seus interlocutores.
O STF informou que não se manifestará sobre o caso. O ministro Toffoli não respondeu aos contatos até a publicação da matéria.
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